Título: BC chinês mantém prudência mirando estabilidade política
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Fonte: Valor Econômico, 05/01/2012, Finanças, p. C8

O Banco Popular da China (BPC), o banco central chinês, vai manter uma postura monetária "prudente" para garantir a estabilidade política em 2012 e melhorar seu gerenciamento do câmbio. A afirmação foi feita em 31 de dezembro pelo presidente do banco, Zhou Xiaochuan.

O banco central vai "aprofundar a reforma financeira, acelerar o desenvolvimento dos mercados financeiros e fortalecer e melhorar o gerenciamento do câmbio", disse Zhou em mensagem de Ano Novo publicada no site do BPC. Também em 31 de dezembro a revista "Caixin" mencionou Zhou, afirmando que embora o yuan esteja perto de um ponto de equilíbrio, a banda de negociação da moeda poderá ser ampliada para mais que o atual 0,5% para cada lado da taxa do banco central.

O crescimento da segunda maior economia do mundo está perdendo força, à medida que a economia mundial titubeia, e o governo mantém as restrições ao mercado imobiliário para esfriar a especulação e o aumento dos preços. O banco central poderá reduzir este mês as exigências de reservas para os bancos, uma vez que o feriado do Ano Novo chinês (que dura uma semana) aumenta a demanda por dinheiro e o primeiro-ministro, Wen Jiabao, volta suas atenções para o crescimento sustentado.

"O acúmulo das evidências de fraqueza reforçam os argumentos por um afrouxamento da política monetária", disseram economistas do Citigroup, incluindo Ding Shuang, em um relatório divulgado em 31 de dezembro, citando o ritmo mais lento do crescimento da produção industrial e dos investimentos em ativos fixos. "Esperamos um maior relaxamento da política monetária nos próximos meses, a começar com outro corte na relação das reservas bancárias no Ano Novo chinês [que começa em 23 de janeiro]."

O PIB chinês cresceu 9,1% no terceiro trimestre de 2011, em relação ao mesmo período de 2010, o menor crescimento em dois anos. O ritmo pode ter caído para 8,5% no quarto trimestre, segundo disse Ding em uma nota a investidores emitida em 30 de dezembro.

A inflação caiu para 4,2% em novembro, ainda acima da meta do governo para o ano, que é de 4%. Os preços ao consumidor da China provavelmente aumentaram cerca de 5% em 2011, superando a meta de 4% do governo, e os controles da inflação vêm surtindo algum efeito, publicou a "Caixin".

"O crescimento econômico será vigoroso neste ano, já que a situação da inflação está melhorando", disse Zhou, segundo a "Caixin". "A urgência de se conter a inflação não é tão grande agora quanto no começo de 2011."

Zhou disse que o banco central vai manter uma escala razoável de financiamentos sociais e se esforçar para melhorar a estrutura de crédito. O superávit em conta corrente da China poderá ser de aproximadamente 3% do PIB em 2011, disse a "Caixin" mencionando Zhou.

O superávit comercial da China ainda poderá superar os US$ 150 bilhões em 2011, disse Zhou à "Caixin". Os saldos de capital e conta corrente do país vêm melhorando mesmo não tendo havido "nenhuma mudança nos fundamentos" e ambos continuam superavitários, disse Zhou.

A China reduziu em novembro o volume de dinheiro que os bancos precisam depositar no banco central, no primeiro corte desde 2008, liberando dinheiro para dar suporte ao crescimento do país, uma vez que a crise da dívida na Europa vem limitando as exportações e o mercado imobiliário deu uma esfriada.

A produção industrial encolheu pelo segundo mês seguido em dezembro, segundo mostrou um índice de gerentes de compra divulgado pelo HSBC Holdings. Em novembro, o crescimento das exportações chinesas foi o menor desde 2009, excluindo as distorções sazonais.

Zhou também reiterou que a China, a maior detentora de reservas internacionais do mundo, vai trabalhar para fortalecer e melhorar o gerenciamento do câmbio, melhorar os serviços financeiros e impedir a ocorrência de riscos sistêmicos para o setor financeiro. Ele disse que a China vai prosseguir com a reforma do yuan de uma maneira gradual, segundo publicou a "Caixin".

O yuan está "chegando mais perto de seu nível de equilíbrio após vários anos de um ajuste gradual", disse Zhou. Com a moeda se aproximando da meta estabelecida, o custo de novas estratégias de ajuste da política monetária "poderá ficar muito maior", disse ele à "Caixin".

A moeda chinesa terminou 2011 com uma valorização de 4,7% em comparação ao dólar, seu melhor desempenho desde 2008.