Título: Irã pode sofrer sanções após desafiar ONU
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Fonte: Valor Econômico, 01/09/2006, Internacional, p. A13

O Irã poderá sofrer sanções impostas pelo Conselho de Segurança (CS) da ONU após a agência nuclear internacional ter informado que o país descumpriu o prazo encerrado ontem para que pusesse fim ao seu programa nuclear.

Os EUA, a União Européia e outras nações ocidentais temem que Teerã use seu programa para fabricar bombas atômicas. O Irã, no entanto, sustenta que seu objetivo é pacífico e que pretende empregar tecnologia nuclear na geração de energia.

Um relatório confidencial da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), cujo conteúdo veio à tona ontem, apontou que Teerã não suspendeu suas atividades de enriquecimento de urânio e que depois de três anos a agência não conseguiu confirmar "a natureza pacífica do programa nuclear do Irã", em razão da falta de cooperação.

O CS havia estabelecido o prazo de até ontem para o fim da atividades nucleares, acenando com a possibilidade de sanções.

O embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, se recusou a dizer quais sanções Washington pode tentar impor. Mas diplomatas americanos e europeus afirmaram estar trabalhando em torno de uma punição de baixo impacto, num primeiro momento, para conquistar apoio da Rússia e da China, que resistem a aprovar punições mais duras. As propostas incluiriam proibições de viagens a líderes iranianos ou proibições de vendas de itens que, entre outras funções, podem ser empregados nas atividades nucleares.

Medidas mais extremas seriam o congelamento de bens iranianos no exterior ou então sanções comerciais mais amplas. Essa última possibilidade, em particular, enfrentaria forte oposição de russos e chineses e talvez de outros países europeus, já que poderia interromper as exportações de petróleo de Teerã, fundamentais para algumas nações. Rússia e China - que têm poder de veto no CS - já manifestaram cautela em relação a possíveis sanções. Os dois têm interesses no setor de energia no Irã e pregam saídas diplomáticas. Teerã já pagou até US$ 1 bilhão aos russos para a construção da usina de Bushehr, capaz de gerar cerca de 1.000 megawatts de energia elétrica.

Ontem, o presidente dos EUA, George W. Bush, disse que continuará a trabalhar ao lado dos países aliados para chegar a uma solução diplomática. "Mas a posição desafiadora do Irã deve provocar consequências e nós não podermos permitir que o Irã desenvolva uma armas nuclear."

Seja quais forem as ações, Bolton disse ontem que é improvável que sanções sejam aplicadas imediatamente porque Washington vai aguardar uma rodada de conversações com os outros países membros CS na próxima semana.

O CS também deve aguardar a reunião entre que o chefe da política externa da União Européia, Javier Solana, e o negociador iraniano do setor nuclear, Ali Larijani. Ontem Solana esquivou-se ao ser perguntado sobre quando as sanções teriam início. "Essa é uma questão para o Conselho de Segurança. Eu não posso falar pelo Conselho de Segurança. "