Título: Têxteis vão manter folgas do Natal
Autor: Vanessa Jurgenfeld e Paulo Emílio
Fonte: Valor Econômico, 10/12/2004, Brasil, p. A4

Os setores têxteis de Santa Catarina e do Nordeste vão manter as férias coletivas de fim de ano. De acordo com o Sintrafite, sindicato dos trabalhadores têxteis de Blumenau e região, praticamente todas as indústrias darão de 10 a 20 dias de férias. Entre as grandes companhias que praticamente vão paralisar a produção no fim do ano estão Hering, Karsten, Marisol e Teka. No Ceará, a Santana Têxtil reduziu o período de licença de 30 para 15 dias esse ano. De acordo com o diretor comercial da Marisol, Robson Amorim, o varejo fez os pedidos para a indústria até a segunda quinzena de novembro e há uma parada sazonal de fim de ano para o segmento. "Com o crescimento das exportações, existe tendência de que as férias coletivas venham a ser extintas, mas o setor ainda exporta pouco", diz. Na opinião de Amorim, há uma cultura de férias coletivas em Santa Catarina ainda muito forte e os dias de folga no fim do ano são rotina no setor. "Hoje em dia ainda é mais vantagem dar férias coletivas do que férias ao longo do ano", comenta. Ele afirma que 2004 foi um ano de boas vendas - a Marisol terá incremento do faturamento superior a 10% - mas a empresa ainda tem participação pequena no mercado externo, o que leva a companhia a não mexer nos 20 dias de férias a partir de 22 de dezembro. A cearense Santana Têxtil, que possui unidades no Ceará e Rio Grande do Norte, além de estar construindo uma terceira no Mato Grosso, deverá conceder férias coletivas de 15 dias aos seus 1,3 mil funcionários. O diretor de marketing, Delfino Neto, diz que a parada nas unidades fabris do grupo é rotina desde 1995, quando foi iniciada a produção de têxteis. "Paramos para que seja realizada a manutenção e os apontamentos necessários em todo o nosso maquinário. Tradicionalmente sempre parávamos por 30 dias. Mas com o crescimento da economia não podemos ficar parados por muito tempo", diz Neto. A Santana Têxtil deve registrar um crescimento de 25% nas vendas deste ano em comparação ao resultado do ano passado. A expectativa é de um faturamento em torno de R$ 245 milhões em 2004. No setor de alimentos, a maior exportadora nacional de balas e pirulitos, a potiguar Simas Industrial de Alimentos, pretende operar suas linhas de produção entre os meses de dezembro e fevereiro com apenas 60% de sua capacidade. "O nosso forte das vendas acontece durante a época escolar. Para a exportação, estes meses também não são muito bons, já que o clima frio no exterior aquece o consumo de chocolate. Nestes meses concedemos férias coletivas e operamos por blocos fabris", explica o diretor superintendente, Thiago Gadelha Simas Neto. A Simas emprega 1,4 mil trabalhadores. O executivo conta que há mais de 20 anos a indústria concede férias coletivas aos seus funcionários durante o período de Natal, Ano Novo e Carnaval. A mudança para o sistema de blocos fabris começou no final de 2003 e início de 2004, quando foi elaborado um sistema para que a produção não fosse paralisada. "De toda forma, precisávamos manter os estoques e a fábrica rodando. Estamos crescendo cerca de 20% ao ano e não podemos perder este pique", observa Gadelha. A empresa tem a expectativa de fechar este exercício com um faturamento próximo de R$ 200 milhões.