Título: Varig pode ter recurso do BNDES em 2 meses
Autor: Grabois, Ana Paula e Vilella, Janaina
Fonte: Valor Econômico, 18/08/2006, Empresas, p. B4

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderá aprovar em menos de dois meses o pedido de financiamento feito pela VarigLog, nova dona da Varig, para a compra de 50 aeronaves da Embraer. O presidente do banco, Demian Fiocca, ressaltou, no entanto, que a aprovação da operação dentro deste prazo, vai depender da capacidade da Varig em fornecer as garantias necessárias.

Fiocca descartou a possibilidade de o banco financiar a nova Varig por meio de participação acionária e garantiu que o apoio se dará apenas por meio de um financiamento. "Não está em estudo a entrada do BNDES no capital da VarigLog", disse o presidente do banco de fomento.

Na quarta-feira, o presidente do conselho de administração da VarigLog, Marco Antônio Audi, disse que entregaria ontem uma carta-consulta no banco solicitando o empréstimo. O documento, no entanto, não foi apresentado.

Do investimento previsto para a compra das 50 aeronaves, avaliado em US$ 2 bilhões, até 85% podem ser financiados pelo banco de fomento. "Ficamos muito satisfeitos neste momento, pois estamos discutindo não mais a questão de um leilão, de um arresto ou de uma emergência, mas um plano de investimentos", disse Fiocca, ao lembrar que o BNDES sempre esteve disposto a ajudar a Varig desde que a empresa começou a enfrentar dificuldades.

A Varig não divulga qual modelo de aeronave da nova família E-Jets de jatos da Embraer pretende comprar. Mas Audi deu uma pista na quarta-feira ao dizer que as aeronaves teriam capacidade para transportar entre 115 e 135 passageiros. Dos quatro modelos produzidos pela Embraer, apenas dois, o Embraer 190 e o Embraer 195, têm mais de 100 lugares. O preço de tabela do Embraer 195, com capacidade para 122 passageiros, é de US$ 35 milhões.

O BNDES já havia financiado dois terços do valor total da venda das ex-subsidiárias da Varig, a VarigLog (logística) e a VEM (manutenção), para a Volo do Brasil e a estatal portuguesa TAP, respectivamente. O BNDES também se dispôs a financiar parte da compra da Varig. "Continuamos a trabalhar com o objetivo de fomentar o setor, estimular a indústria nacional, mas sempre com prudência. Esta é uma operação estruturada com um pacote de garantias", disse Fiocca.

Em descumprimento a uma decisão da Justiça do Rio, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou ontem à noite que retirou da Varig a concessão de 148 vôos que não estavam previstos na primeira fase da malha entregue na semana passada pela controladora da empresa, a VarigLog.

Segundo breve nota enviada à imprensa, o órgão regulador diz que "colocou em prática" a decisão de sua diretoria colegiada, determinando "às Superintendências de Serviços Aéreos (SSA) e de Relações Internacionais (SRI) a adoção de providências imediatas para a retomada dos hotrans, slots e freqüências que não constem no Plano Básico de Linhas (PBL) da Varig".

A posição da Anac diverge do entendimento do juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pela recuperação judicial da Varig, de manter a concessão das rotas não utilizadas durante 30 dias após a nova Varig receber autorização de empresa de transporte aéreo do órgão regulador.

Ontem, o Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro entrou com uma ação civil pública no Tribunal de Justiça do Rio para a liberação do FGTS dos funcionários da Varig demitidos. O procurador Rodrigo Carelli, responsável pela ação, também pediu que a Varig entregue todos os termos da rescisão do contrato de trabalho com os valores devidos e não pagos assinalados em 48 horas. (*Do Valor Online)