Título: Brasil vira modelo para a Aon
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 18/08/2006, Finanças, p. C10

O jeito brasileiro de vender seguros para os consumidores de baixa renda está fazendo sucesso pelo mundo. A Aon, a maior corretora de seguros do mundo, vai usar em outros países emergentes, como China e Índia, o modelo desenvolvido aqui da venda de apólices em contas de luz ou telefone, afirmou ao Valor Michael Rice, "chairman" da Aon Risk Services.

No mercado de seguros, a venda de apólices por meio de parcerias com empresas é conhecido como "affinity" (ou afinidade). Nos Estados Unidos, a Aon já trabalha com esse negócio há 20 anos. A corretora criou recentemente a Global Affinity para concentrar as operações da área e levou o mesmo negócio para outros países. Mas no Brasil, conseguiu, segundo o "chairman", desenvolver operações muito interessantes e chegar a compradores que normalmente não teriam acesso ao mercado de seguros.

Segundo Rice, outros países emergentes, como China, Índia e Rússia, possuem ambientes onde este tipo de estratégia pode ser útil para ganhar mercado.

No Brasil, as operações de afinidade da Aon já atraíram cinco milhões de pessoas. A corretora tem como clientes praticamente todas as operadoras de telefonia fixa e as companhias de energia elétrica. Também oferece as apólices em vários Estados do país. No Maranhão, para os clientes da Cemar (a geradora de energia do Estado) oferece seguros a R$ 1,99, valor que é cobrado da conta mensal de energia.

As apólices oferecidas para os consumidores incluem proteção financeira (que garante o pagamento da conta de energia em caso de desemprego, morte ou invalidez), seguro residencial (indenização em caso de incêndio, explosão ou queda de raio) e acidentes pessoais. Além do seguro, a Aon oferece sorteios mensais em dinheiro. Os seguros oferecidos são de várias seguradoras, incluindo a americana ACE e a australiana QBE. "O que fazemos no negócio de afinidade é criar demanda por seguro", afirma. No ano passado, a Aon levou a mesma estratégia para outros países da América Latina, como México e Argentina.

Rice trabalha na Aon há 10 anos, mas virou "chairman" em janeiro. Em rápida e concorrida visita a São Paulo anteontem, conversou com executivos da companhia para se atualizar dos negócios aqui. "A ordem é crescer", disse ao Valor logo após uma das reuniões. Para ele, a estabilidade da economia torna mais fácil os negócios no país.

No ano passado, a Aon Affinity faturou R$ 200 milhões no Brasil (alta de 62% frente a 2004). Este ano, quer chegar a R$ 280 milhões. Até 2008, a meta é bater na casa dos R$ 400 milhões em prêmios.

No mundo, a Aon Corporation tem faturamento anual de US$ 10 bilhões e está presente em 120 países. São 47 mil funcionários espalhados em 500 escritórios. Além da corretora, a Aon tem outras unidades, incluindo uma de consultoria e outra de resseguros.