Título: Governo espera que oposição poupe Pimentel
Autor: Exman ,Fernando
Fonte: Valor Econômico, 06/12/2011, Política, p. A7

Palácio do Planalto espera que o cenário político mineiro e as pontes do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, com a oposição possam vir a facilitar sua defesa no Congresso. Em Belo Horizonte, o PT e o PSDB, liderados, respectivamente, por Pimentel e o senador e ex-governador Aécio Neves se uniram para eleger Márcio Lacerda (PSB) à prefeitura.A base aliada foi orientada a fechar o cerco em defesa do ministro. O governo quer evitar que Pimentel, um dos ministros mais próximos à presidente Dilma Rousseff, seja constrangido nas comissões temáticas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

No fim de semana, a presidente já havia orientado Pimentel a defender-se e apresentar explicações a todas as denúncias que forem publicadas pela imprensa. O ministro, ex-prefeito de Belo Horizonte, foi acusado pelo jornal "O Globo" de ter recebido R$ 2 milhões por serviços de consultoria prestados entre 2009 e 2010. A pedido da presidente, Pimentel antecipou sua volta a Brasília no fim de semana para rechaçar as denúncias. E os articuladores políticos do Palácio também deram início à operação para blindar o ministro.

Por ora, a avaliação do governo é que as denúncias não são consistentes ou fortes o suficiente para fragilizar Pimentel. O governo teme, no entanto, que novas acusações sobre a atuação do ministro como consultor surjam.

Mesmo assim, o governo teme que o caso tenha um desfecho semelhante ao episódio protagonizado pelo ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci, que deixou o cargo em meio a denúncias de que seu patrimônio foi multiplicado no período em que era deputado federal e integrava a coordenação da campanha de Dilma Rousseff à Presidência. À época, Palocci negou ter praticado irregularidades. Mas afirmou que estava impedido de revelar os nomes de seus clientes devido à confidencialidade dos contratos assinados por sua empresa. O ex-ministro não suportou a pressão e pediu demissão em junho.

Desde o início do ano, Dilma perdeu sete ministros. Seis deles (Transportes, Turismo, Casa Civil, Agricultura, Trabalho e Esporte) deixaram o governo em meio a denúncias de corrupção ou irregularidades em suas pastas. O último a cair foi o ex-ministro Carlos Lupi, que ocupava a Pasta do Trabalho. Ele pediu demissão no domingo, após enfrentar denúncias de irregularidades em contratos assinados entre o ministério e organizações não governamentais. Lupi também foi acusado de ir para o Maranhão em uma viagem que misturou eventos oficiais e partidários num avião fretado pelo dono de uma rede de ONGs conveniadas ao Ministério do Trabalho.

No entanto, a situação de Lupi ficou insustentável depois de o jornal "Folha de S. Paulo" noticiar que Lupi foi funcionário-fantasma na Câmara dos Deputados no mesmo período em que ocupava um cargo na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Inicialmente, Dilma pretendia evitar a demissão de Lupi para ter uma maior margem de manobra na reforma ministerial que promoverá em janeiro e evitar que denúncias publicadas pela imprensa provocassem novamente mudanças em sua administração.