Título: Procurador-geral pede abertura de mais 27 inquéritos
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 18/08/2006, Política, p. A5

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, pediu, ontem, ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra mais 27 parlamentares suspeitos de participação na máfia dos sanguessugas. Com esse novo pedido, já são 84 parlamentares na lista de Antonio Fernando. O procurador-geral pediu, de início, a abertura de investigações contra 15 deputados. Sem seguida, colocou mais 42 na lista, totalizado 57. Agora, a lista subiu para 84.

Os 84 parlamentares serão investigados por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de influência na compra de ambulâncias.

Antonio Fernando recusou-se a divulgar o nome dos deputados nessa última lista de 27 sanguessugas. Ele também evitou revelar o nome dos acusados nas outras vezes em que encaminhou o nome deles ao STF. O Supremo também tem preservado o sigilo dos sanguessugas porque o processo corre sob segredo de Justiça. É a CPI que tem divulgado o nome dos investigados para a imprensa.

O fato de o procurador-geral ter ampliado a lista dos sanguessugas pode reforçar ainda mais o trabalho dos parlamentares. A CPI pediu a cassação de 72 acusados. Ao todo, 18 foram absolvidos. Mas, agora, Antonio Fernando informou ao Supremo que há indícios contra 84 parlamentares. Assim, a CPI poderá passar dos 72 sanguessugas para os 84 da lista do procurador-geral. As investigações da CPI e do STF correm em paralelo. A primeira pode resultar na cassação e na perda de direitos políticos dos suspeitos. A segunda, na prisão dos sanguessugas.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, criticou, ontem, os parlamentares suspeitos de envolvimento com a máfia dos sanguessugas que estão renunciando para evitar processos de cassação no Congresso. Segundo ele, esses parlamentares estão fazendo um "drible".

"Não há dúvida de que há um drible. Só uma pessoa ingênua imagina que alguém renuncie porque está aborrecido por estar sendo acusado. Eles querem é evitar a seqüência do processo", enfatizou Mello.

O presidente do TSE pediu a atenção da população para a possível renúncia desses deputados. "Eles estão simplesmente desistindo da vida pública?", ironizou Mello. "Não, o passo seguinte é que eles serão candidatos. Eles estão renunciando para evitar uma possível glosa (punição). Ou seja, uma possível cassação que desague em inelegibilidade", completou.