Título: Lula foca em renda e tucano, em Bolsa Família
Autor: Felício, César
Fonte: Valor Econômico, 18/08/2006, Política, p. A6
O aumento de renda das faixas mais pobres da população foi o foco do programa eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, ontem. Usando a mesma estratégia adotada em 2002, o mesmo programa foi veiculado nos horários da manhã e da tarde. Lula procurou capitalizar o aumento do consumo popular, afirmando que houve redução da carga tributária em setores da economia durante seu governo. "Diminuímos impostos no feijão, no arroz, na farinha, no cimento e de toda cesta básica da construção, o poder de compra do povo aumentou e isto significa mais qualidade de vida", disse.
A propaganda petista destacou que houve aumento de 37% no consumo, 52% só na classe C. O presidente em seguida citou exemplos: "O saco de cimento custava R$ 22,50 e hoje tem gente comprando a R$ 10. O pacote de arroz de cinco quilos era R$ 13 e hoje é R$ 5,90. Fiquei emocionado ao ver na televisão um trabalhador mostrar um filé mignon e dizer: é a primeira vez que eu como filé. E eu quero mais. Quero que o brasileiro possa ter sua casa, seu carrinho, viagem de férias e educação de qualidade que lhe abra as portas para o futuro", disse Lula.
A resposta veio ainda ontem. O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, trocou seu programa entre o horário da tarde e da noite. Dentro de uma moldura vermelha, sob o lema "por um Brasil decente", um agricultor afirmava que, ainda que o presidente falasse que o Brasil tinha se transformado em um filé, era importante que a eleição trouxesse mudanças reais.
Depois de repetir a apresentação do candidato, o programa de Geraldo Alckmin, candidato do PSDB, mostrou o postulante procurando destacar seu compromisso com questões sociais. "O governo precisa trabalhar nas regiões mais pobres. É o que fiz como governador. O caminho é o desenvolvimento, mas não o desenvolvimento para ajudar banqueiro a ficar mais rico. Governo bom é governo que cuida de gente", disse, assumindo compromissos : "Vou ampliar o Bolsa Família e melhorar o Bolsa Família, mas temos que ir além, o que o Brasil precisa é de um grande projeto de desenvolvimento". O programa mostrou quadros para desconstruir o discurso de prosperidade de Lula. Foi mostrada uma ilustração onde o Brasil faz companhia ao Haiti em crescimento econômico no ano passado.
A candidata do P-SOL, Heloísa Helena, explorou a duração de seu programa de um minuto e onze segundos. Enquanto um vídeo exibia um relógio, um locutor falava: "O programa do P-SOL tem apenas um minuto. Em um minuto o governo paga mais de R$ 1 milhão de juros para os bancos. Tire este minuto dos bancos e aplique em sua própria vida. Em seguida a candidata afirmou: "Só com a redução das taxas de juros teremos R$ 90 bilhões".
O candidato do PDT, senador Cristovam Buarque detalhou sua proposta para a educação, a única prioridade de sua campanha. "De norte a sul, os funcionários do Banco do Brasil têm a mesma agência e o mesmo salário. Porque será que não acontece o mesmo com as escolas de nossas crianças? O Brasil pode mudar esta realidade. Federalizar para transformar", disse, afirmando em seguida que esta política custaria R$ 7 bilhões ao ano. "É 1% do Orçamento", minimizou.