Título: Em 2007, déficit fiscal volta a subir nos EUA
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/08/2006, Internacional, p. A8
O déficit fiscal dos EUA deve cair pelo terceiro ano consecutivo em 2006, mas voltar a aumentar no ano que vem, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso americano (CBO, na sigla em inglês). A estimativa é de que o déficit caia para US$ 260 bilhões neste ano e cresça para US$ 286 bilhões em 2007.
No ano passado, o déficit foi de US$ 319 bilhões. A melhora este ano se dará por causa do aumento da arrecadação, reflexo da melhora registradas na economia.
O governo do presidente George W. Bush defende que o menor déficit será consequência direta dos cortes de impostos feitos em seu primeiro mandato, já que esses cortes teriam sido chave para retirar a economia da recessão em que se encontrava em 2001.
A oposição democrata, por outro lado, afirma que as estimativas do CBO mostram que no médio prazo o governo fracassou na tentativa de controlar o déficit.
"O governo pode querer pintar esse déficit como um progresso, mas um déficit de US$ 260 bilhões está bem longe do superávit de US$ 236 bilhões registrado em 2000 e do superávit de US$ 305 bilhões, que era o valor estimado para 2006, na época em que Bush assumiu a Presidência", disse o deputado democrata John Spratt, do Comitê de Orçamento da Câmara.
No médio prazo, a agência do Congresso estima que o déficit total para os próximos dez anos chegue a US$ 1,76 trilhão: entre 2007 e 2011, o déficit deve chegar a US$ 1,42 trilhão; a marca de US$ 1,76 trilhão deve ser atingida entre 2007 e 2016. O crescimento mais lento na segunda metade do período se baseia na suposição de que os déficits da economia do país terão uma redução expressiva a partir de 2012, quando os cortes de impostos aprovados no primeiro mandato de Bush deverão expirar. Tornar esses cortes permanentes é uma das prioridades da agenda presidencial.
Ontem, com muita fanfarra, Bush sancionou a reforma do sistema de aposentadoria privada das empresas, além de sancionar a lei que torna permanentes um primeiro conjunto de US$ 59 bilhões de cortes de impostos.
Essas leis, aprovadas no Congresso a muito custo, são as primeiras vitórias da agenda de reformas de Bush, motivo pelo qual o presidente resolveu dar destaque aos atos de sanção.
O Congresso tem ainda de deliberar sobre tornar permanente outro conjunto de corte de impostos - um conjunto maior -, sobre a reforma nas leis de imigração e sobre as restrições a ações contra erros médicos. Todos esses temas são caros ao governo e tidos por Bush como essenciais para aumentar a competitividade da economia do país