Título: Encomendas reativam fabricantes
Autor: Carolina Mandl, Sérgio Bueno e Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 10/12/2004, Empresa, p. B7

A Amsted Maxion encerra 2004 com a garantia de que 2005 será seu melhor ano de produção de equipamentos ferroviários. Ontem, fechou mais duas compras, que somam R$ 940 milhões - com a Vale do Rio Doce, de 4,86 mil vagões, e com a Brasil Ferrovias, de 500 unidades. Com isso, garantiu para 2005 uma carteira de 4,7 mil vagões, 10% a mais que este ano e mais que o dobro do ano passado. "Há um ano, não prevíamos que seriam vendidos tanto vagões", afirma Vicente Abate, diretor de vendas da companhia. Segundo ele, o planejamento de 2004 foi feito considerando-se encomendas de 3.600 unidades. Ele prevê que que a forte demanda por vagões continue ainda por mais três ou quatro anos, puxada principalmente pelos setores siderúrgico, de mineração e e agrícola. Ao fim desse período, segundo o executivo, a procura deve se estabilizar entre 3 mil e 4 mil vagões por ano, alimentado também pela troca de parte da frota atual de 70 mil, com idade média de 25 anos, quase na hora de substituição. A Amsted Maxion tem hoje capacidade para produzir até 7 mil vagões por ano. Desde 2002, quando a Vale começou a sinalizar que passaria a fazer diversas encomendas, a empresa investiu para aumentar sua produção, que na época era de 1.800 unidades. Foram R$ 22 milhões entre 2003 e 2004, com a contratação de 2.000 funcionários. A empresa passou a produzir, por exemplo, em duas novas linhas: uma em Osasco (SP) e outra em Hortolândia (SP). Os números do balanço da empresa até setembro refletem o aumento da sua produção. A receita de R$ 235,9 milhões em 2003 saltou para R$ 463 milhões este ano. A previsão do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviário e Rodoviário (Simefre) é que em 2006 a demanda de vagões no Brasil seja de 6 mil unidades, ante 4,6 mil este ano. O volume de 2005 deve superar o melhor ano do setor, que foi 1975, quando foram produzidos 5.025 vagões. Depois da década de 70, o setor chegou ao fundo do poço nos anos 90. Em 1991, por exemplo, foram vendidas apenas seis unidades. Segundo Abate, a recuperação voltou a partir de 2002, com a consolidação do modelo de concessão e com a expansão das exportações. O crescimento da indústria tem atraído novas empresas para o mercado, como é o caso da Usiminas Mecânica, controlada da Usiminas, e a Randon. A empresa mineira está no meio de uma negociação com a Vale para fechar um contrato de longo prazo de venda de vagões, que passou a produzir em 2003, aproveitando uma unidade desativada em Santana do Paraíso. "Foi a oportunidade de ocupar uma área ociosa e fazer um bom negócio", disse o superintendente, Guilherme Muylaert. "É um mercado que vai existir por alguns anos e, enquanto estiver aquecido, vamos continuar no negócio", disse. A Usiminas Mecânica fabrica 50 unidades por mês. A empresa vendeu a produção para a própria Vale, em dois contratos já entregues, e para MRS e ALL. As encomendas vêm das principais ferrovias. A América Latina Logística (ALL) tem planos de crescer 15% ao ano em volume de carga nos próximos anos. Segundo o diretor-financeiro, Sérgio Pedreiro, a empresa precisará agregar à sua frota, 1.000 vagões e 30 locomotivas ao ano para acompanhar essa expansão, além de investir em sua infra-estrutura. Em outubro a companhia fechou um grande contrato de longo prazo, até 2027, com a Bunge Alimentos, que já assegurou uma porção importante do crescimento da frota. Por esse contrato, a Bunge comprará cerca de 650 vagões ao ano para a ALL transportar sua carga. Esse formato de parceria, em que o cliente adquire os vagões para movimentar sua carga, tem se tornado cada vez mais comum no setor. É por esse modelo que a Brasil Ferrovias, em 2005, pretende garantir cerca de 1 mil vagões para garantir o transporte em suas três malhas. "Já fechamos com a Maxion a encomenda de 500 unidades, informou Elias Nigri, presidente da empresa. O grupo Randon concluirá em março a entrega do seu primeiro lote de 150 vagões graneleiros, negociados este ano com a MRC, subsidiária da japonesa Mitsui no Brasil. Os equipamentos serão arrendados para a Bunge Alimentos e vão rodar na malha ferroviária da ALL no sul do país. As entregas iniciaram-se em outubro e o pacote chega a R$ 28 milhões, explicou do diretor industrial da Randon Implementos e Participações, holding operacional do conglomerado que opera também na área ferroviário, Celso Santa Catarina. Conforme o executivo, até o fim de 2005 a Randon investirá cerca de R$ 4 milhões nesse negócio. Hoje, já pode produzir até 120 unidades por mês, com emprego de 200 funcionários dedicados a vagões.