Título: Regras orçamentárias para conter dívida europeia saem este mês
Autor: Czuczka , Tony
Fonte: Valor Econômico, 10/01/2012, Finanças, p. C2

Os dirigentes dos países da zona do euro poderão concluir suas novas normas orçamentárias até 30 de janeiro, um mês antes do previsto. Além disso, estudam a possibilidade de acelerar as contribuições para o fundo de socorro financeiro que será formado este ano para conter a crise da dívida.

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, definiram a intensificação do ritmo de sua reação num momento em que a crise financeira que começou com a Grécia em 2009 ingressa em seu terceiro ano, em meio a receios de que o futuro da própria moeda única estaria em risco.

"Há uma boa probabilidade de podermos aprovar os freios ao endividamento e todas as questões referentes a ele já em janeiro, mas no mais tardar em março, e estamos fazendo muito bons avanços nas negociações", disse Merkel em entrevista concedida juntamente com Sarkozy em Berlim. "A Alemanha e a França contribuíram significativamente para isso."

Os dirigentes das duas maiores economias da União Europeia (UE) estão consolidando um regimento de disciplina orçamentária negociado na reunião de cúpula de 9 de dezembro que pretende criar um "compacto fiscal" para os 17 membros da zona do euro. Em sua primeira reunião de 2012, eles reiteraram sua adesão ao imposto sobre transações financeiras e conclamaram a Grécia a concluir o abatimento das dívidas com os credores o quanto antes.

Sarkozy e Merkel estão "sinalizando que os europeus estão unidos e comprometidos com a austeridade fiscal e equilibrando os orçamentos", disse Christian Schulz, economista do Berenberg Bank de Londres. "Isso parece estar caminhando um pouco melhor do que o previsto. É um bom sinal, mas, obviamente, não é uma solução para a crise em si."

Merkel disse que a Grécia será o foco das negociações com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, marcada para hoje em Berlim. "Queremos que a Grécia continue na zona do euro.", disse.

"O segundo programa grego, que inclui a renegociação das dívidas, tem de ser implementado rapidamente agora, pois, do contrário, não será possível pagar a próxima parcela à Grécia", disse Merkel. A Grécia "tem de cumprir os compromissos assumidos para com a troika", formada pelo FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE).

No esforço maior para conter a crise, a Alemanha e a França "estão prontas a examinar" as maneiras de acelerar os pagamentos de recursos ao Mecanismo de Estabilidade Europeu, o fundo de salvamento financeiro permanente da região, disse Merkel.

Os dirigentes da UE concordaram em acelerar a abertura do fundo, de € 500 bilhões (US$ 638 bilhões), para meados de 2012 na reunião de cúpula de dezembro, o mesmo encontro que fixara o prazo máximo de março para o texto preliminar sobre uma união fiscal mais estreita entre os membros da UE.

Sarkozy, que disputará a reeleição no pleito presidencial francês marcado para 22 de abril, disse que quer assumir a liderança na aprovação de um imposto sobre transações financeiras e que seus planos de redução orçamentária se destinam a elevar o grau de confiança. Merkel, que defende um imposto para toda a UE, disse que poderá apoiar um imposto sobre as transações para a zona do euro.

"O objetivo da chanceler e o meu é a Europa tomar decisões mais rápidas e implementar suas decisões" para combater a crise "inquietante", disse Sarkozy. "Nossa análise é a mesma: precisamos alcançar nossas metas de redução do déficit."

Apesar da investida para acelerar seus esforços, a solução da crise é uma tarefa de longo prazo e precisa ser empreendida passo a passo, disse Merkel.

"A reunião de cúpula única que soluciona todos os problemas não existe", disse ela. "Também não existe uma solução unidimensional. É a consolidação orçamentária, a capacidade de inovar, a competitividade, o foco no nível de emprego, a diversidade da nossa base industrial. Temos de cuidar de tudo isso."