Título: Varig pretende iniciar nova malha com 18 aviões
Autor: Grabois, Ana Paula e Vilella, Janaína
Fonte: Valor Econômico, 11/08/2006, Empresas, p. B2
A Varig deverá iniciar no dia 25 a primeira etapa de sua nova malha de vôos. A expectativa do presidente do conselho de administração da VarigLog, Marco Antonio Audi, é começar esta fase inicial com 18 aeronaves e 2.100 funcionários, 400 a mais do que o previsto inicialmente pela nova dona da aérea. Mas para colocar o plano em prática, a empresa ainda depende da concessão de transporte aéreo regular fornecida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A expectativa de Audi, é de que a autorização saia até o dia 25.
O executivo se reuniu ontem com o juiz da 8ª Vara Empresarial do Rio, Luiz Roberto Ayoub, para detalhar a nova malha de vôos da companhia, que será implementada em três etapas. A frota um pouco maior, segundo Audi, possibilitou a contratação de um número superior de empregados. Hoje, a Varig opera com dez aviões. Ontem mesmo, Ayoub encaminhou a malha à Anac.
Na primeira fase do plano, a empresa voaria com 18 aeronaves para dez destinos no país - São Paulo, Rio, Porto Alegre, Manaus, Salvador, Recife, Fernando de Noronha, Brasília, Fortaleza e Curitiba - e outros três no exterior - Frankfurt, Buenos Aires e Caracas. Também seriam mantidas as 36 freqüências na ponte aérea Rio-São Paulo. O executivo não detalhou as outras duas etapas da malha.
Nas próximas duas semanas, a nova Varig pretende adquirir, por meio de leasing ou compra direta, 50 novas aeronaves, possivelmente de duas fabricantes diferentes, em contratos que devem alcançar cerca de US$ 2 bilhões. Cerca de 15% deste valor, de acordo com Audi, seria investimento da própria companhia. O executivo disse que está negociando "com todas as fabricantes", incluindo a brasileira Embraer e a européia Airbus.
A Embraer informou ontem que não irá se pronunciar sobre o assunto, apesar de confirmar que não deixaria de vender seus aviões, caso a operação fosse financiada por terceiros. De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, a Embraer não faz operações de financiamento próprio e, portanto, uma vez que uma empresa como a Varig se apresente com financiamento garantido e cumpra as exigências normais, a venda é realizada.
A nova Varig, na avaliação de Audi, será mais enxuta, mas não chegará a ser uma companhia de baixo custo. "Será uma empresa intermediária, entre a Gol e a TAM. Ficará entre a barrinha de cereal e o caviar", disse Audi. O executivo afirmou que neste momento tanto a Gol quanto a TAM já operam com uma margem de lucro "muito grande" e que a Varig vai tentar "quebrar esse duopólio", "oferecendo preço e serviço".
Audi também disse que não pretende revender a Varig no futuro, como se comenta no mercado. Ele acrescentou, no entanto, que não descarta a possibilidade de entrada de novos sócios no negócio. Sem dar detalhes, Audi afirmou que deve fechar uma parceria com a Air Canada, envolvendo os programas de milhagem das duas empresas.
A expectativa em torno da possibilidade de a Varig ser revendida deve-se ao fato de o fundo de investimento americano Matlin Patterson ser um dos acionistas da VarigLog e já ter feito operações semelhantes com outras companhias aéreas no mundo.
O executivo confirmou o convite a Maria Silvia Bastos, ex-presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), para presidir a Varig. Embora a executiva tenha declinado do convite, Audi espera que ela reveja sua decisão. O executivo disse procurar alguém com o perfil "agressivo" de Maria Silvia. Sua expectativa é de ter uma nova diretoria formada entre os dias 20 e 25 de agosto.
Em relação a possível redistribuição dos balcões de check-in da Varig para outras companhias em caráter temporário, Audi disse que "não existe essa necessidade". Ele acrescentou que não está ocorrendo nenhum transtorno aos usuários. Segundo a Infraero, os balcões de outras companhias estão sobrecarregados, enquanto os da Varig estão ociosos. (*Do Valor Online)