Título: Lula anuncia 79,8 milhões para Segurança paulista
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 11/08/2006, Política, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca hoje, em São Paulo, terá uma conversa com o governador Cláudio Lembo, provavelmente no aeroporto, onde reforçará a oferta do Exército para atuar na crise de segurança provocada pelo PCC, e anunciará que a partir de hoje estão à disposição do Estado verbas para o combate ao crime. Serão liberados hoje R$ 79,8 milhões dos R$ 107 milhões definidos pela medida provisória editada pelo governo federal no dia 14 de julho. Técnicos da Secretaria de Administração Penitenciária paulista (SAP) apresentaram ontem ao Departamento Penitenciário Nacional os projetos para construção das unidades prisionais de Franca e Serra Azul, no interior de São Paulo.

Para isso, serão colocados imediatamente à disposição (o empenho na Caixa Econômica Federal estava previsto para ontem) R$ 35,08 milhões, com uma contrapartida de R$ 3,9 milhões do governo paulista. Outros R$ 44,73 milhões serão usados para aquisição de equipamentos de segurança e inteligência para o Estado. Técnicos da SAP informaram ainda que o governo do Estado apresentará, nas próximas semanas, novos projetos para a construção de mais uma unidade prisional (em Santos) e aquisição de equipamentos de informática e inteligência, para utilização completa dos recursos liberados pelo Ministério da Justiça e atendimento das demandas da secretaria.

A liberação de verbas acontece no dia em que Lula participa da cerimônia de incorporação de novos recrutas ao programa soldado-cidadão, em Barueri, região Metropolitana de São Paulo.

Dentro da política de reequipamento das estruturas de segurança pública paulista, está prevista a compra de veículos, aparelhos de raio-x, detectores de metais de grande e médio porte, entre outros. De acordo com os técnicos da SAP, os equipamentos beneficiarão todas as unidades prisionais do Estado. O investimento tem como objetivo reforçar a segurança e controle no sistema penitenciário de São Paulo. Para utilizar o montante, o Estado deve apenas assinar contrato com a instituição.

No início da semana, o secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, chegou a propor uma aposta com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos: se o dinheiro liberado resolvesse os problemas do Estado, ele (Saulo) pediria demissão do cargo. A crise agravou-se ao longo da semana e envolveu até o presidente Lula. Em entrevista à Rádio Capital de São Paulo na manhã de quarta, o presidente classificou de "pequenez e mau-caratismo achar que deve se tirar proveito político de uma situação como essa".

O candidato ao governo paulista pelo PT, Aloizio Mercadante, alfinetou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, na tarde de ontem por conta do bate-boca sobre a liberação de verbas federais para investimentos na segurança no Estado.

Depois da Secretaria de Administração Penitenciária enviar hoje ao Ministério de Justiça projetos no valor de R$ 79 milhões e informar que deverá enviar outros projetos no valor de R$ 27 milhões, Mercadante afirmou que Saulo deveria renunciar seu cargo.

"O Saulo tem a obrigação de renunciar, conforme havia prometido. Se ele não fizer isto é porque o (José) Serra fez escola e a palavra dele (Saulo) também não vale nada", afirmou Mercadante.

Saulo afirmou que deixaria o cargo se o governo federal liberasse verbas para a sua pasta. A assessoria de imprensa do secretário afirmou ontem que o governo federal não repassou neste ano nenhum centavo para a Secretaria da Segurança Pública do Estado.

O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, afirmou ontem que, para ajudar a solucionar a crise de segurança em São Paulo, as Forças Armadas devem fazer "manobras militares, não políticas".

"É uma instituição que não deve servir a manobras políticas", disse Alckmin, após participar de um evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para representantes da construção civil.

O tucano criticou a atuação do Palácio do Planalto nos recentes episódios de atentados atribuídos ao Primeiro Comando da Capital (PCC) no Estado e garantiu que, se eleito, a segurança será uma prioridade.

"Eu pretendo ter a questão da segurança como absoluta prioridade. Ela foi relegada a um plano secundário, o governo federal não liberou os recursos e se omitiu nessa área", afirmou.

Evitando responder se era contra ou a favor de o Exército ocupar as ruas do Estado, Alckmin deu outros exemplos de como, em sua opinião, a instituição poderia ajudar.

Segundo o candidato tucano, o que alimenta o crime organizado é o tráfico internacional de drogas e de armas. "É aí que as Forças Armadas têm um papel muito importante", afirmou. (Com agências noticiosas)