Título: Denunciados defendem-se e criticam Lando
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 11/08/2006, Política, p. A7

Os parlamentares acusados pela CPI das Sanguessugas de envolvimento com a máfia que fraudava a compra de ambulâncias se defenderam. A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) disse que o relator da CPI das Sanguessugas, senador Amir Lando (PMDB-RO), não leu sua defesa encaminhada à comissão. A petista atribuiu sua inclusão no relatório a motivações políticas e garantiu não ter nenhuma conexão com a máfia das Sanguessugas. "Nunca me verguei para a bandidagem e nunca me vergarei", disse a senadora, da tribuna do Senado.

O colega e senador Magno Malta (PL-ES), outro na lista dos que tiveram seu nome encaminhado ao Conselho de Ética, também falou no plenário. Ele reiterou sua inocência e atacou Amir Lando. "Com todo respeito que tenho pelo relator, vou processá-lo criminalmente junto ao STF", disse. O deputado Paulo Baltazar (PSB-RJ) divulgou nota à imprensa: "Discordo veementemente desta conclusão. Não só por ser oportunista, com objetivos puramente eleitoreiros, como por ser extremamente injusta".

Já o deputado Benjamin Maranhão (PMDB-PB) demonstrou indignação. "A Polícia Federal fez uma investigação de dois anos e meio, inclusive com monitoramento telefônico, e não constatou nenhuma ligação minha, não há prova documental de que nenhum assessor meu tenha recebido qualquer benefício financeiro que tivesse vindo das mãos desse indivíduo", afirmou, ao referir-se a Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam.

O deputado Wellington Fagundes (PL-MT) adiantou que vai apresentar documentos que comprovarão sua inocência no Conselho de Ética. Segundo o parlamentar, Luiz Antonio Vedoin não tem credibilidade para acusá-lo. "O seu pai, o senhor Darci Vedoin, que é o proprietário principal da empresa, em seu depoimento, deixa muito claro que nunca teve negociação com o deputado Wellington Fagundes", afirmou.

Vieira Reis (PRB-RJ) demonstrou surpresa. "O que eu fiz foi apresentar emendas, e é o que eu farei até o fim do meu mandato, porque está assegurado na Constituição o direito de o parlamentar apresentar emendas."

O deputado João Correia (PMDB-AC), acusou a CPI de ser "covarde", e disse que não existe nenhuma prova contra ele. "Exceto a opinião de um bandido canalha", afirmou. "A CPI, a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República ou a Corregedoria têm nenhum indício de prova contra mim", reforçou o deputado.

Benedito Dias (PP-AP) afirmou que fará sua defesa e aguardará o julgamento do povo no dia 1º de outubro. Ele afirmou ter recebido R$ 40 mil de Vedoin como contribuição de campanha em 2002.

O deputado Wellington Roberto (PL-PB) negou as acusações. "Eu acho um absurdo a atitude da comissão e do próprio relator de expor nomes de parlamentares fazendo um pré-julgamento antes de haver o contraditório", reagiu.

Os deputados foram notificados para enviarem suas explicações à CPI. Nem todos responderam ao pedido. César Bandeira (PFL-MA) garante não ter nenhuma acusação consistente contra ele.

"Eu nunca tive nenhum contato com esse bandido (Vedoin). E nenhuma emenda minha foi usada para comprar ambulâncias da Planam." (TVJ)