Título: PSDB quer Alckmin nos palanques estaduais
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 11/08/2006, Política, p. A8

Superado o impacto inicial da queda do desempenho do candidato tucano a presidente, Geraldo Alckmin, o comitê nacional da coligação PSDB-PFL quer atrelar a campanha presidencial às estaduais e espantar o desânimo que ronda lideranças políticas e prefeitos aliados.

O coordenador nacional da campanha, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), pediu ontem aos coordenadores das regiões Norte e Centro-Oeste que busquem maior engajamento dos candidatos a deputados estadual e federal à candidatura Alckmin. A expectativa é que eles peçam votos ao presidenciável e compartilhem material de propaganda.

Em Pernambuco, por exemplo, seu estado, Guerra já havia pedido que os candidatos a cargos proporcionais regravassem participações no programa eleitoral gratuito - a ser transmitido a partir da próxima terça-feira - por não terem incluído Alckmin na primeira versão gravada. Eles citavam apenas os nomes dos candidatos ao governo, Mendonça Filho (PFL), que disputa a reeleição, e ao Senado, Jarbas Vasconcelos (PMDB), ambos aliados de Alckmin.

Na tentativa de tranquilizar os coordenadores, Guerra afirmou na reunião que uma queda nas pesquisas era prevista pelos especialistas em marketing da campanha nessa fase pré-horário gratuito. Disse que a previsão é de crescimento apenas com o início do programa eleitoral. E pediu maior empenho para conciliar interesses dos aliados nos estados em que há duplicidade de palanque.

O senador tucano também ouviu queixas dos coordenadores. Uma delas, sobre a falta de comunicação entre a campanha nacional e as estaduais. Também reclamaram que a primeira remessa de material de propaganda foi insuficiente.

Ainda criticaram a idéia inicial dos estrategistas de apresentar o candidato a presidente no material de propaganda apenas como "Geraldo", sem o sobrenome, que é seu nome político. De acordo com Guerra, esse problema já foi solucionado. Novo material foi confeccionado trazendo o nome Geraldo Alckmin. Um dos argumentos é que "Geraldo" pode ser o nome de muitos candidatos e não identifica o ex-governador. Segundo um aliado, faixas do presidenciável foram apedrejadas em uma região onde há um político pouco popular chamado Geraldo.

A vinculação com as campanhas estaduais é vista como um mecanismo importante de tornar Alckmin mais conhecido do eleitor no país todo. Como é a primeira vez que disputa eleição fora de São Paulo, seu índice de desconhecimento é apontado pelos estrategistas da campanha como maior obstáculo ao crescimento de sua candidatura. Esses índices variam de acordo com os métodos usados pelos institutos. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), adota um dado do Ibope que aponta Alckmin desconhecido de 26% do eleitorado.

O maior entrosamento entre as campanhas nacional e estaduais é visto como estratégia importante para dar mais consistência e repercussão ao programa eleitoral. Essa foi uma das decisões tomadas pelo conselho político da campanha nacional, em Brasília, na quarta-feira.

Outra decisão foi simplificar a agenda de viagens. A coordenação da campanha vai procurar marcar atividades de massa para o candidato, que reúnam muita gente e produzam boas imagens para o programa eleitoral.

O núcleo político da campanha também buscará concentrar esforços em cidades com maior eleitorado. No Rio de Janeiro, por exemplo, estado que tem o terceiro maior colégio eleitoral do país, está havendo empenho para atrair setores do PMDB, mesmo sem o apoio do senador Sérgio Cabral, candidato do partido a governador, líder da disputa. Os dois aliados de Alckmin que disputam o governo têm fraco desempenho eleitoral: os deputados Eduardo Paes (PSDB) e Denise Frossard (PPS).

Na reunião do conselho político, Alckmin cobrou, de forma indireta, que seus aliados sejam mais ofensivos em sua defesa. Citou o caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, como candidato à reeleição, "posa de bonzinho, mas, depois, aparecem dez Berzoinis para bater", referindo-se ao presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).