Título: Sujos estudam fichas para se adequar à lei
Autor: Iunes, Ivan
Fonte: Correio Braziliense, 28/09/2010, Política, p. 3

Enquanto alguns discutem o Plano B para escapar da Lei da Ficha Limpa, a maioria dos políticos com o registro da candidatura negado pela Justiça Eleitoral não tem como dar um drible na legislação, como fez Joaquim Roriz. No caso daqueles que disputam as eleições proporcionaiscaso do deputado PauloMaluf (PP-SP), que concorre à reeleiçãouma substituição só poderia ser feita até 60 dias antes do pleito.No caso dos majoritários (governador e senador), a troca do candidato é válida a qualquer tempo, mas é maior o número daqueles dispostos a correr riscos do que optar pela substituição nos minutos finais da campanha. Muitos dos candidatos enquadrados na Lei da Ficha Limpa não têm a sorte de Cássio Cunha Lima, do PSDB, candidato ao Senado. Embora ele negue veementemente que irá desistir, tem a mulher dele, Sílvia, com a ficha limpa e disposta a substituílo se for o desejo dos tucanos no estado. Candidato a governador de Rondônia pelo PSDB, Expedito Júnior é umdos que não pode sequer contarcom a mulher,Val Ferreira, para substituílo em caso de renúncia.

Val é candidata a deputada federal pelo PR,mas também teve o registro indeferido pelo mesmo caso que terminou por barrar a candidatura de seu marido na Justiça Eleitoral. Ambos são acusados de abuso do poder econômico, recorreram ao Tribunal Superior Eleitoral e aguardam o julgamento do recurso. Assim, vão para o tudo ou nada.

Diplomação No Pará, embora nos bastidores muitos digam o oposto, tanto Jader Barbalho (PMDB) quanto Paulo Rocha (PT) anunciaramque não pretendem desistir.

Meu julgamento será feito pelo povo do Pará com uma votação expressiva, comentou o peemedebista, tão logo soube das notícias dando conta de que estaria disposto a largar a batalha para não correr o risco de, eleito, não ser diplomado.

Jader renunciou ao mandato em 2001 para não passar por um processo no Conselho de Ética do Senado. Seus advogados têm dito que o caso dele é diferente daquele que limou a candidatura de Joaquim Roriz no Distrito Federal porque, no episódio em que Jader se viu envolvido, não foi sequer oferecida denúncia ao Conselho. E, depois da renúncia, Jader foi eleito e diplomado deputado federal por duas vezes, em 2002 e 2006. Paulo Rocha, que renunciou em outubro de 2005, por causa do escândalo do mensalão, também foi diplomado deputado.Mas, nos bastidores, há quem diga que, embora mantenham a campanha como se nada tivesse acontecido, não está fechada a avaliação de que é melhor arriscar e ver como fica.

Quem insistir, avaliam advogados eleitorais, poderá acabar tomando posse por liminar.