Título: PF encontra avião de presidente do TCE-AP
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 23/09/2010, Política, p. 6

Aeronave seria de José Júlio de Miranda Coelho, preso na operação que investiga desvio de verbas públicas no Amapá

A Polícia Federal (PF) fez novas diligências no Amapá, ontem, ainda dentro das investigações da Operação Mãos Limpas, que levou 18 pessoas para a cadeia, por suspeita de desvio de recursos públicos, incluindo o governador do estado, Pedro Paulo Dias (PP), que ficou nove dias detido em Brasília. A PF cumpriu 15 conduções coercitivas quando a pessoa é levada apenas para prestar depoimentos e depois liberada e localizou, em Minas Gerais, um avião que pertenceria ao presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amapá (TCE-AP), José Júlio de Miranda Coelho, que continua detido na Superintendência da PF no Distrito Federal, com o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Aldo Alves Ferreira.

A corporação não informou qual o motivo das novas diligências, mas os 15 mandados de busca foram endereçados a laranjas do esquema de corrupção e fraudes em licitações, e a empresários envolvidos em negócios com o governo do Amapá. Na primeira fase das investigações, as 18 pessoas presas foram consideradas líderes do grupo, que comandava uma rede de desvios de recursos iniciada na Secretaria de Educação por meio do dinheiro do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). As irregularidades se estenderam por toda a administração do Amapá, incluindo a Prefeitura de Macapá, a Assembleia Legislativa e o próprio Tribunal de Contas do Estado.

A prisão de Pedro Paulo, que é candidato à reeleição, e do ex-governador e postulante a uma cadeira do Senado Waldez Góes, foi pelo fato de as supostas fraudes terem sido iniciadas na primeira administração, prosseguindo no governo posterior, segundo os investigadores. As negociações envolviam também Miranda Coelho, que foi preso em João Pessoa (PB), em uma casa onde a Polícia Federal encontrou duas Mercedez, uma Ferrari, uma Maserati, além de dinheiro e joias. Recentemente, foi identificado no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, um jatinho que seria de sua propriedade.

Prisão preventiva Miranda Coelho e Aldo Ferreira tiveram a prisão provisória transformada em preventiva, e permanecem detidos em Brasília, por mais 30 dias. No sábado passado, mesmo dia em que Pedro Paulo Dias e Waldez Góes deixaram a detenção, foram libertados também o empresário Alexandre Gomes e o ex-secretário de Educação José Santos Bittencourt. Outros três ex-funcionários do primeiro escalão do governo do Amapá também foram para a cadeia, acusados de participar do esquema e de coagir testemunhas.

O inquérito, aberto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), teve pelo menos um ano de investigação, iniciada após as descobertas das fraudes na Secretaria de Educação. O ministro relator no STJ, João Otávio Noronha, manteve o sigilo no processo, apesar do parecer favorável do Ministério Público Federal pela abertura do caso.

O número 15 Mandados de busca cumpridos pela PF ontem visando laranjas e empresários envolvidos em negócios com o governo do Amapá

O número 9.990.917 Número de eleitores na Região Norte

Médica é solta no MA Lúcio Vaz

Após pagamento de fiança de R$ 2,5 mil, foi solta ontem, pela Polícia Federal (PF), a médica Silvana Teixeira, presa sob acusação de compra de votos em troca de consultas numa casa no bairro Recanto Vinhais, em São Luís (MA). No local foram encontrados materiais de propaganda eleitoral da governadora e postulante à reeleição, Roseana Sarney (PMDB), e dos candidatos a deputado federal Luciano Moreira (PMDB) e a deputado estadual Ricardo Murad (PMDB) e Manoel Ribeiro (PTB). Roseana divulgou nota ontem para negar qualquer ligação de sua candidatura ao episódio da prisão da médica.

Na nota, assessores da peemedebista afirmaram que Silvana Teixeira casada com Deco Soares, ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de São Luís não integra o comitê da coligação O Maranhão não pode parar. Não há qualquer vínculo oficial com a campanha da governadora do Maranhão e, sendo assim, Silvana Teixeira não está autorizada a proceder em nome da candidata ou de qualquer membro da coligação, diz o texto.

O advogado da médica, Charles Dias, confirmou que Deco Soares teria um parentesco distante, por afinidade, com a família Sarney, mas o comitê da governadora afirma desconhecer o fato. Dias acrescentou que a médica costuma prestar serviços comunitários voluntariamente e que não havia material de propaganda na casa para ser distribuído. Já o comitê de Roseana afirmou que o material apreendido pela PF pode ser encontrado em qualquer uma das 2 milhões de casas de eleitores que apoiam Roseana no Maranhão.

Denúncia A prisão de Silvana Teixeira foi feita pela PF a partir de denúncia apresentada pela procuradora regional eleitoral Carolina Mesquita. Os policiais prenderam a médica, a dona da casa Maria de Jesus Monteiro (líder comunitária) e uma suposta paciente. Na próxima segunda-feira, o delegado que coordena o caso deverá apresentar o inquérito ao Ministério Público. Todos os envolvidos prestaram depoimento ontem, antes de serem liberados.