Título: Incentivo fiscal reduz lucro da Alpargatas
Autor: Mandl, Carolina
Fonte: Valor Econômico, 07/08/2006, Empresa & Tecnologia, p. B1

Um investimento em aumento de capacidade de produção levou a São Paulo Alpargatas a apresentar um lucro líquido 4,7% menor, de R$ 42,4 milhões, no segundo trimestre na comparação com igual período do ano passado.

A questão, entretanto, não está relacionada a um pior desempenho da empresa. O problema diz respeito à contabilização de incentivos fiscais dados à realização de investimentos na fábrica em Campina Grande (PB), iniciado em 2005. A companhia está investindo cerca de R$ 150 milhões.

Os valores dados como incentivos não podem transitar pela demonstração de resultados. Eles vão diretamente para a conta reserva de capital, no balanço patrimonial. Se os resultados do segundo trimestre de 2005 tivesse sofrido o mesmo tipo de efeito, o lucro daquele período teria sido de R$ 36,3 milhões. Assim, neste ano, haveria um crescimento de quase 17% do resultado líquido.

A primeira etapa do aumento de capacidade estará concluído em setembro, segundo Márcio Utsch, presidente da Alpargatas.

A receita líquida da Alpargatas cresceu apenas 3,5%, para R$ 290,7 milhões. "Anos de Copa são sempre piores. As pessoas vão menos às lojas", afirma Utsch. A empresa não divulgou os volumes vendidos no trimestre. No semestre, foram 83 milhões, comparado a 81 milhões no mesmo período de 2005. Ainda assim, a margem bruta de vendas - receita líquida menos custos de produção - melhorou, passando de 43,4% para 47,7%.

Nas exportações, a Alpargatas superou o nível do mercado brasileiro no semestre. Foram 27% mais pares de sapatos para o mercado externo, enquanto na média as vendas encolheram 8% no país, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados.