Título: TAM e Gol alcançam resultados recordes
Autor: Mandl, Carolina e Campassi, Roberta
Fonte: Valor Econômico, 07/08/2006, Empresas, p. B2

TAM e Gol, que têm juntas mais de 80% do mercado aéreo brasileiro, registraram o melhor segundo trimestre da história. Com mais pessoas viajando de avião e o momento de crise da Varig, a principal concorrente, ambas as companhias alcançaram faturamento e lucro recordes nas operações.

Desde 1998, quando passou a divulgar seus balanços, a TAM nunca tinha atingido um resultado da atividade de R$ 232,6 milhões num segundo trimestre, mesmo se considerada a inflação do período. Em igual período do ano passado, esse indicador de desempenho operacional tinha alcançado apenas R$ 2,3 milhões. A receita líquida também nunca havia chegado a R$ 1,73 bilhão como ocorreu no segundo trimestre deste ano.

No caso da Gol, que tem um histórico de apenas dois anos de balanços, a receita líquida foi de R$ 844 milhão, valor 50% maior em relação ao mesmo trimestre de 2005. O lucro da atividade também alcançou um expressivo crescimento: subiu de R$ 55,1 milhões em 2005 para R$ 119,4 milhões neste ano. Para a companhia aérea da família Constantino, o resultado final disso foi um lucro líquido recorde de R$ 98,2 milhões.

A fórmula para os reluzentes números foi a combinação de um maior volume de passageiros e custos menores. Os aviões de ambas as companhias ficaram mais cheios e voaram mais horas. A taxa de ocupação da TAM subiu 8,4 pontos percentuais, para 74,9%, e a da Gol, 3 pontos percentuais ou 75%.

Para o próximo trimestre, os analistas de aviação esperam resultados ainda melhores. Isso porque em julho, com a paralisação parcial das atividades da Varig e com as férias, as empresas devem ter conseguido aumentar preços e encher mais as aeronaves.

A Gol, por exemplo, ressaltou esse fenômeno em sua previsão de resultado do terceiro trimestre. A companhia espera uma receita maior por passageiro por quilômetro voado.

A questão que se coloca agora é se, com os planos da Varig de colocar paulatinamente mais aeronaves em operação, Gol e TAM manterão esses níveis de receita, lucratividade e ocupação.

Para a analista Silvania Ferreira, do Banco do Brasil, depende de a Varig conseguir ou não manter suas rotas. Hoje esse espaço vem sendo temporariamente ocupado pelas demais empresas do mercado por determinação judicial. "Se não for capaz de manter, a Varig se tornará uma concorrente à altura de OceanAir e BRA, sem grandes riscos", diz.

O cenário também está sujeito à intervenção ou não do governo nos preços das tarifas. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou irritação com o nível das tarifas cobradas e o risco de "duopólio".

Em teleconferência com analistas realizada na sexta-feira, Marco Antonio Bologna, presidente da TAM, disse que não se preocupa com isso. "O que regula os preços é a equação oferta-demanda." Segundo ele, as tarifas vêm caindo nos últimos três anos, apesar do crescimento da demanda.

Para o executivo, o setor aéreo no Brasil está muito pulverizado com seis companhias de atuação nacional e outras 12 regionais. "Em vários países, como França, Austrália, Canadá e Chile, temos uma situação em que poucas companhias dominam. O mercado de aviação necessita de escala para ser rentável."