Título: Chinesa MSI montará fábrica no Brasil
Autor: Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 07/08/2006, Empresas, p. B3

A multinacional chinesa Micro-Star International (MSI) elegeu o Brasil para montar sua primeira fábrica de placas-mãe - o principal componente dos computadores - fora da Ásia. A decisão foi tomada após o governo federal conceder à empresa os incentivos fiscais previstos em Processos Produtivos Básicos (PPB) para a área de informática.

A empresa, que até agora só contava com um escritório em São Paulo, terceirizava sua produção para parceiros locais. Com a aprovação do PPB, a subsidiária passa a ter isenção do imposto sobre produtos industrializados (IPI), além de redução em taxas para importação de matéria-prima. De maneira geral, os custos de produção cairão em torno de 25%. "Vai viabilizar uma série de negócios", comenta o diretor da MSI no Brasil, Frank Lin. "Teremos condições de fabricar no país a um preço competitivo."

O próximo passo, afirma o executivo, é escolher a cidade que receberá a fábrica, o que ocorrerá nos próximos dois meses. Depois de ganhar a briga fiscal com o governo federal, Lin corre atrás de cidades que lhe garantam mais benefícios.

Basicamente, o que está em questão é o imposto relacionado à circulação de mercadorias e prestação de serviços (ICMS), que varia drasticamente conforme o estado. "Estamos fazendo pesquisas, conversando com alguns Estados. Uns dão mais atenção, outros, nem tanto, mas ainda estamos abertos a propostas", afirma Lin.

O executivo evitar falar sobre suas preferências regionais ou mesmo o valor do investimento, mas tudo indica que a fábrica da MSI ficará na região Sudeste. "Os recursos estarão atrelados aos benefícios locais", justifica.

O prazo de conclusão das instalações é de até dois anos. No entanto, Lin acredita que até dezembro de 2007 a fábrica já terá dado início às suas operações.

Atualmente, por meio de parceiros, a MSI Brasil produz cerca de 100 mil placas-mãe por mês. A idéia é de que o trabalho com terceiros seja mantido, mesmo com a nova fábrica em atividade. Até dezembro de 2007, projeta Lin, a MSI deverá atingir a produção marca de 200 mil placas ao mês.

E por que no Brasil? "É o principal mercado da América Latina, o único da região em que temos escritório local", justifica Lin, acrescentando que o objetivo da fábrica será atender a demanda nacional, embora não descarte exportar para a região.

Cálculos da própria MSI dão conta de que o mercado brasileiro de placas-mãe consome cerca de 600 mil componentes por mês, o que movimenta aproximadamente R$ 900 milhões por ano. "O Brasil tem um mercado de forte expansão para computadores, que está se popularizando. Hoje temos 15% desse setor, mas queremos chegar a pelo menos 25% em dois anos", projeta Lin.

Embora a prioridade da nova fábrica seja a produção de placas-mãe, a subsidiária também deve se concentrar em outros componentes como placas de vídeo e equipamentos para comunicação sem fio. "O importante é que também conseguiremos viabilizar a chegada de mais produtos ao Brasil. O número de parceiros de fabricação aqui é algo que tende a aumentar."

Atualmente, a chinesa MSI fornece placas para praticamente todos os fabricantes de computadores mundiais, além das principais marcas brasileiras. Suas principais concorrentes são Asus, ECS e Gigabyte, também asiáticas. Além de fazer frente às rivais chinesas, a MSI também está interessada em disputar a fatia de mercado de 30% que hoje está nas mãos do mercado informal. "Muitos componentes realmente são contrabandeados. Com um preço competitivo, também conseguiremos reduzir essa taxa do mercado cinza", diz.

A Micro-Star International, que neste mês completa 20 anos em operação, faturou US$ 2,4 bilhões em 2005, o que lhe rendeu a 26ª posição no ranking "Top 1.000" das maiores empresas de Taiwan em 2005. Atualmente, suas duas fábricas estão concentradas nas cidades de Shenzhen e Kunshan, ambas responsáveis pela produção anual de mais de 16 milhões de placas-mãe, entre outros componentes.