Título: Ex-presidente da DuPont faz plano para biodiesel
Autor: Cesar, Marília de Camargo
Fonte: Valor Econômico, 07/08/2006, Agronegócios, p. B12

"Queremos instalar uma fábrica de escala mundial com especificações que permitam exportar o biodiesel", diz Ubrig Henrique H. Ubrig está pronto para uma nova empreitada. O ex-presidente da DuPont América do Sul e Brasil (1998-2003) e DuPont Sul da Ásia (2004-2005), mochileiro nas horas vagas, está montando uma equipe de profissionais para desenvolver um projeto na área da energia renovável. O objetivo é ter, em três meses, um plano de negócios detalhado para investir em uma grande fábrica de biodiesel.

O esboço do que será a planta consumirá cerca de US$ 500 mil e o trabalho de dez pessoas, entre elas especialistas em legislação, finanças e tributos, estratégia internacional, engenharia e setor agrícola. "O objetivo é construir uma marca que leve um adicional de qualidade e futuramente replicar isso para outras unidades pelo país", diz. O local da nova fábrica também está em estudo.

Aposentado no começo do ano pela DuPont, onde trabalhou por 27 anos, Ubrig dedica-se agora a sua consultoria, a Brasubrig Empresarial, e também à organização sem fins lucrativos Outward Bound Brasil. Fundada em 1941 no Reino Unido por Kurt Hahn, considerado o pai da educação experiencial ao ar livre, e por Sir Lawrence Holt, dono de uma empresa de navegação britânica, a ONG oferece treinamentos ao ar livre para grupos ou companhias que queiram desenvolver o potencial dos indivíduos com exercícios cada vez mais desafiadores. Ubrig faz parte do conselho da ONG.

A entrada do ex-executivo no ramo do biodiesel se dará com uma participação minoritária no capital que ele pretende levantar junto a fundos de private equity e outros investidores nacionais. Ele acredita que o setor tem tudo para crescer exponencialmente e a planta que tem em mente terá de ter escala para atender crescentes demandas internas e internacionais.

Em sua avaliação, as vantagens ambientais incontestáveis, a pressão da demanda de Índia e China por combustível e o agravamento nos conflitos do Oriente Médio são fatores que colaboram com o futuro do mercado de biodiesel.

Ubrig prevê que, num primeiro momento, a matéria-prima mais usada será a soja, mas numa segunda fase haverá uma diversificação. Neste momento, um forte candidato para ganhar terreno é o desconhecido pinhão manso, um arbusto perene muito cultivado na Índia e na África que lembra um pé de café e cuja semente produz 40% de óleo - o dobro da produtividade da soja. "Significa uma produtividade de 3 a 4 mil litros de óleo por hectare, bem superior ao que se obtém com a soja, que é altamente tecnificada".