Título: Para manter o emprego é melhor se certificar
Autor: Leite, Larissa
Fonte: Correio Braziliense, 28/09/2010, Brasil, p. 10

Uma vida inteira dedicada a umofício pode passar despercebida diante dos formais pré-requisitos de preenchimento das vagas de trabalho.

Enquanto especializações eminstituições de renome são cada vez mais requisitadas pelo mercado, aqueles que não conseguem comprovar sua experiência ficam, muitas vezes, à deriva de uma restrita rede de relacionamentos para a conquista deumnovo emprego.

Ummilhãoetrezentos mil reaiséo custo aproximado doMinistério da Educação na Rede Certific,um novo programa voltado para a certificação de profissionais com basenaexperiênciapráticadessas pessoas. De acordo com o ministério, 4.828 trabalhadores poderão ser certificados ainda este ano, nas áreas de pesca e aquicultura, música, construção civil, eletroeletrônica ou turismo e hospitalidade.

Os certificados serão concedidos gratuitamente em 17 institutos federais espalhados pelo país, sendo que o maior número de inscritosemumúnico instituto 347foi observado no Distrito Federal, para obter um reconhecimento formal em recepção de eventos (236) e assistência de eventos (111).

Isabel Silva Sousa, 35 anos, recepcionista, é uma das aspirantes à conquista do certificado. Para mim,sóofato de entraremcontato com novas pessoas é motivo para aprender. Eu estava acomodada e agora quero trabalhar na recepção de eventos, conta.Oobjetivo, a partir da inscrição, é conseguir aumentar a renda e encontrar novos desafios na profissão.

Queria viajar, conhecer novos lugares, quem sabe trabalhar naCopa?, comenta. Isabel já trabalhou como babá e atendente, mas conta que foi como recepcionista que conquistou as melhores oportunidades.

Querome firmar nessa políticas de educação profissional do MEC, Luiz Caldas, explica que os inscritos são divididos emgrupos de 20 trabalhadores, organizados por escolaridade e experiência profissional, com calendário e horários exclusivos. Esses trabalhadores não serão avaliados de forma pontual, a partir de exames de perguntas e respostas.

Será um processo de avaliação, com envolvimento de uma equipe multidisciplinar que vai avaliar o conhecimento de forma cuidadosa e rigorosa, afirma.

Os institutos federais que abrigam o programa irão fornecer tanto a complementação do ensino quanto a formação.Para os trabalhadores que já concluíram a educação básica, o processo de formação poderá acontecer em até 160 horas. Para aqueles que ainda não têm o ensino concluído, a formação poderá durar de dois a três anos e irá integrar conteúdos do ensino fundamental e profissionalizante. Para participar do programa, é preciso ser maior de 18 anos e atuar ou já ter atuado na área profissional na qual deseja ser certificado. As inscrições para as primeiras turmas do programa já foramencerradas.

Segundo LuizCaldas, a escolha das profissões que iriam integrar o programa está relacionada com a demanda por certificação. Nossa intenção é garantir o emprego ou a permanência no emprego. Tenho certeza que o programa irá contribuir para os indicadores de empregabilidade, e que os empregadores irão levar em consideração o banco de trabalhadores que será constituído a partir da rede, afirma. O diretor informa que, atualmente, existe a capacitação e certificação de 38 perfis profissionais em cinco áreas de atuação.

No entanto, esse número de perfis poderá aumentar a partir do ano quevema previsão é que sejam abertas inscrições pelo menos duas vezes por ano.

profissão, ter meu trabalho reconhecido e acesso a mais oportunidades.

Depois, vou realizar meu sonho,queé fazerPedagogia e trabalharcomcrianças, conta.Atualmente, a recepcionista trabalha oito horas por dia naUniversidade dos Correios, por meio da empresa de serviços Servnac.

O processo proposto pela Certific envolve seis etapas: pré-inscrição, palestra de orientação, inscrição (preenchimento de questionário socioprofissional), matrícula, reconhecimento de saberes e certificação.