Título: Bancos estão preparados
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Fonte: Correio Braziliense, 23/09/2010, Economia, p. 23

Secretário do Tesouro dos EUA assegura que o sistema financeiro se adaptará às novas regras de prudência sem prejuízo à retomada

Os bancos norte-americanos têm plenas condições de cumprir as novas regras globais de prudência na atividade financeira sem precisar reduzir seus empréstimos num nível que afete a ainda tímida retomada econômica do país. Quem garante é o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy

Geithner. No começo do mês, reguladores de 27 países concordaram em elevar as exigências de reserva de capital de qualidade das instituições. O objetivo do aperto é permitir que eles passem com mais tranquilidade por períodos recessivos e problemas de caixa.

As novas normas serão implementadas gradualmente até 2019. É importante ressaltar que, como atuamos com celeridade com os testes de estresse no começo de 2009, o sistema financeiro norte-americano se encontra em uma posição muito forte em nível internacional para se adaptar às novas regras, assinalou o secretário. Na maioria dos casos, os bancos devem ser capazes de cumprir com as novas exigências mantendo lucros futuros, o que ajudará a proteger a recuperação em curso.

Líderes do G-20 e de países emergentes devem endossar Basileia 3, nome dado ao novo conjunto de regras, em encontro em Seul (Coreia do Sul), marcado para novembro. Depois, caberá a cada país detalhar as normas. Os bancos serão obrigados a ter reservas de capital representando 7% de seus ativos de risco, mais que o triplo do nível exigido atualmente.

Sobrevivente Com quatro renúncias em três meses, a equipe econômica do presidente Barack Obama está se desmanchando, mas Geithner, ameaçado de demissão nos últimos meses, sobrevive. Ontem, foi a vez de o subsecretário do Tesouro para a Estabilidade Financeira, Herbert Allison, pedir demissão. Ele supervisionava o plano de resgate do sistema financeiro. Dos assessores econômicos do time original de Obama, resta somente Geithner.

REFORMA ALEMÃ O governo da primeira-ministra da Alemanha, Anglea Merkel, aprovou ontem uma controversa reforma para tentar recuperar o deficitário sistema de saúde do país e resolver o problema de financiamento, informou ontem o ministro da Saúde, Philipp Roesler. A lei, que deve ser discutida na Câmara nos próximos meses, elevaria a cobrança obrigatória do seguro de saúde, dividida entre os trabalhadores e os empregadores de 14,9% para 15,5% do salário bruto a partir de janeiro, o que ajudará a cobrir um buraco de 11 bilhões de euros no ano que vem.

Regulação na Europa

O Parlamento da União Europeia aprovou a criação de órgãos europeus para regular a política, a segurança e as operações dos bancos, estabelecendo uma das mais abrangentes reformas financeiras da década. Sancionando o acordo acertado por chefes de Estado após um ano de negociação, os congressistas reforçaram o poder das instituições que surgirão agora sobre os reguladores nacionais.

Os super-reguladores, como começam a ser chamados, irão supervisionar bancos, seguradoras e mercados de capitais nos 27 países do bloco. Eles começam a funcionar em janeiro, três anos após o início da crise financeira que políticos e analistas do mundo das finanças dizem ter sido causada pelos excessos dos bancos no segmento futuro e pela regulamentação fraca.

Corregedores financeiros vão reavaliar as decisões dos órgãos de regulação de cada um dos países-membros. Um novo braço do Banco Central Europeu (BCE) será responsável por procurar eventuais riscos à saúde do sistema, como uma bolha imobiliária. A crise financeira que estourou em 2008 foi causada justamente pela bolha que se formou no segmento de empréstimos para a compra da casa própria nos Estados Unidos. Os financiamentos a trabalhadores de baixa renda eram feitos sem garantias seguras de retorno, o que quebrou o sistema quando o calote aumentou.