Título: Múlti exporta para a região com margem reduzida
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 07/08/2006, Brasil, p. A4

A lógica de divisão de trabalho das multinacionais atua como uma "proteção" para os manufaturados brasileiros na América do Sul. Muitas empresas montaram fábricas no Brasil, que é o maior mercado, para atender essa região do globo. Para evitar que a fábrica trabalhe com capacidade ociosa, optam por manter uma operação de exportação pouco rentável.

É o caso da Black & Decker. A filial brasileira deixou de exportar ferros elétricos para a América Latina há um ano. Como vendia para terceiros, reajustou preços e os clientes preferiram trazer os ferros elétricos da fábrica da China.

No caso de ferramentas elétricas, a Black & Decker montou uma fábrica em Uberaba (MG) para atender o mercado sul-americano. Mas a fábrica também exportava para outras unidades no mundo. Em 2005, a América do Sul absorvia 60% das vendas ao exterior. Este ano, o percentual saltou para 95%.

Segundo Domingos Dragone, diretor-industrial da Black & Decker, o Brasil deixou de fornecer ferramentas para a unidade nos Estados Unidos porque perdeu o contrato para a filial da China e não vende mais furadeiras para a União Européia porque foi substituído pela fábrica da República Tcheca. Sem esses contratos, a exportação da filial brasileira deve ficar em US$ 32 milhões este ano, 20% menos que 2005.

O executivo conta que as exportações para a América do Sul até aumentaram. Mas isso aconteceu porque a administração da empresa na América Latina é única. A estratégia foi manter a exportação, para não elevar a capacidade ociosa da fábrica no Brasil. No entanto, a filial brasileira não pode reajustar preços, para que a marca não perca espaço na América do Sul e teve de reduzir as margens. (RL)