Título: PSDB e PSD concordam que aliança aumenta chances na eleição
Autor: Costa,Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2011, Política, p. A10

Pelo menos em relação a um aspecto os tucanos de São Paulo têm um entendimento consensual: na eleição para prefeitura da capital, não cabe uma terceira via. A disputa será entre o candidato do PT, o ministro Fernando Haddad (Educação), e o nome a ser indicado pelo consórcio formado por PSDB, que atualmente comanda o governo do Estado, e o PSD do prefeito Gilberto Kassab.

Esse é o entendimento do qual compartilham o governador Geraldo Alckmin, o prefeito Kassab, o ex-governador José Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Definido que a eleição será polarizada entre os dois grupos, a conversa agora entre dirigentes dos dois partidos é em torno da formalização da aliança: primeiro os dois partidos decidem que disputarão a eleição coligados e só depois partem para a escolha do nome para encabeçar a chapa tucano-pessedista.

Do lado de Alckmin, o entendimento não é problema, mas o governador de São Paulo é pressionado por dois lados: pelo deputado Gabriel Chalita (PMDB), que eventualmente perderia a possibilidade de contar com o apoio do governador num segundo turno eleitoral, e o presidente local do Democratas, Alexandre Moraes. O DEM nacional, por outro lado, quer que Alckmin pressione José Serra a ser o candidato, mas sem coligação com o PSD de Kassab (que praticamente dizimou o Democratas, ao criar o novo partido).

Serra tem insistido, nas discussões internas, que não será candidato, mas que concorda que o PSDB deva ter a cabeça de chapa e que o candidato pode sim ser o nome que for escolhido na prévia prevista para março. Os tucanos, nos últimos dias, passaram a falar também na renovação das lideranças partidárias, a exemplo do que fez o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no PT.

A prévia tucana, por outro lado, ainda corre risco, sobretudo quando acontecem coisas inesperadas, como a inclusão do apresentador João Dória na lista de uma pesquisa encomendada pelo PSDB para avaliar seus nomes em São Paulo. A inclusão é atribuída a uma trapalhada do presidente municipal do PSDB, mas Alckmin estimulou o ingresso do apresentador no partido.

Outro aspecto mencionado para destacar a importância da aliança é que a parceria entre o governo do Estado e a prefeitura tem sido benéfica para a capital. Desde 2005, segundo o prefeito Gilberto Kassab, a prefeitura já repassou para as obras do metrô de São Paulo R$ 1 bilhão, algumas vezes diretamente do Tesouro e outras de operações urbanas em convênio com o Estado. Para o próximo ano, Kassab afirma que investirá mais R$ 1 bilhão por meio da inversão de um títulos da prefeitura (Cepac)

Outro exemplo de parceria considerada um êxito é a lei municipal que deu à Sabesp a titularidade das ações de saneamento no municípios.

Curiosamente, o PT pensa em utilizar o mesmo argumento para eleger o ministro Fernando Haddad. Os melhores exemplos seriam o Estado e a Prefeitura do Rio de Janeiro, que ganharam obras e recursos federais desde que passaram a ser governado por aliados (antes de Sérgio Cabral e Eduardo Paes, do PMDB, o comando estava com a família Garotinho e o prefeito demista Cesar Maia). Assim, São só terá a ganhar, se eleger um prefeito afinado com a presidente da República, Dilma Rousseff, dizem os petistas já em campanha.

Se mudarem de ideia, Serra e o senador tucano Aloysio Nunes Ferreira serão os candidatos na capital. Os dois insistem que não serão candidatos. Pelo lado do PSD, o nome capaz de levar os dois partidos a uma aliança é o do vice-governador do Estado Guilherme Afif Domingos, segundo avaliação na cúpula dos dois partidos.

Na falta de um acordo, PSDB e PSD levarão seus nomes à mesa de negociação - o do PSDB certamente será o escolhido na prévia partidária, se ela for levada a bom termo. Se a prévia se mostrar inviável, deve crescer a pressão para que Serra seja o candidato. Seus aliados acham que ele não deve ficar sem uma função pública até 2014, sob pena de ficar ainda mais isolado no PSDB.

Além disso, até pesquisas internas do PT revelam que ele é um candidato altamente competitivo em São Paulo; os adversários (PT), afirmam que ele será candidato, pois agora só tem o twitter e continuará só com o twitter se não disputar e levar a Prefeitura de São Paulo.