Título: PSB tenta dobrar bases com vistas a 2014
Autor: Costa ,Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2011, Política, p. A11

O PSB deve reconduzir hoje o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para um novo mandato na presidência do partido, cargo que ocupa há seis anos. O objetivo imediato da nova Executiva Nacional do PSB é "ganhar" a eleição municipal de 2012, o que no planejamento da sigla significa dobrar suas bases municipais - atualmente, são 2.963 vereadores e 309 prefeitos, sendo quatro deles de capitais.

O fortalecimento das bases municipais é fundamental para o PSB chegar às eleições de 2014 como referência de peso no campo governista, liderado pelo PT com a parceria preferencial do PMDB. O crescimento político e eleitoral do PSB - que já foi grande nas eleições de 2010 - incomoda aos dois gigantes da aliança, mas tanto Campos como os principais dirigentes da sigla falam que o projeto deles para 2014 é "com" e não "contra" a presidente Dilma Rousseff.

"Qualquer partido só sobrevive se tiver um projeto de poder, do contrário está condenado à irrelevância", diz o vice-presidente Roberto Amaral. "Mas não vamos colocar em risco o projeto em curso de governo", ressalta. "As eleições de 2012 serão fundamentais para o PSB, pois definirão o papel que o partido terá no projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff", diz o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).

Ex-ministro de Lula e já em seu segundo mandato de governador, Eduardo Campos tornou-se uma alternativa de poder dentro do lulismo, mas fora do PT: sua administração é bem avaliada pelos pernambucanos e seu governo, até agora, passou ao largo de denúncias de corrupção. Segundo Rollemberg, o governador de Pernambuco também tem dedicado tempo cada vez maior para estudar a crise mundial e a economia doméstica. "É muito novo (tem 46 anos) e tem um tempo muito grande pela frente para construir sua carreira política", diz Rollemberg. "Em algum momento ele será candidato a presidente", assegura.

A opção do PSB ao nome de Eduardo Campos é o também ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE). Ele e seu irmão, o governador do Ceará, Cid Gomes, devem integrar também a nova Executiva Nacional do PSB, a ser eleita hoje no 12º Congresso Nacional do PSB.

A preparação do congresso foi realizada com discrição, o que não é comum em eventos partidários. Eduardo Campos também evitou dar entrevistas e chegou a cancelar um jantar com jornalistas, em princípio previsto para a noite de ontem. Desde que comandou um grande e vitorioso esforço político para eleger a mãe, Ana Arraes, para o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), o governador entrou no radar dos partidos aliados e de oposição. Por isso tem evitado movimentos mais ostensivos. Campos deve falar depois do congresso.

Atualmente, o PSB comanda quatro prefeituras de capitais: Boa Vista, João Pessoa, Curitiba e Belo Horizonte. Apenas o prefeito de Boa Vista já foi reeleito e não pode concorrer novamente ao cargo, mas espera apresentar um candidato competitivo. O PSB avalia que tem chances também em Cuiabá, Maceió, Natal, Aracaju e Manaus. Mas a decisão que o partido vai tomar em relação às eleições em Fortaleza e Recife é que deve oferecer a medida exata da disposição do partido em disputar espaço com o PT.

A capital do Ceará é governada pelo PT, que deseja manter o cargo com o partido. O problema é que os irmãos Gomes também pensam em controlar a prefeitura e têm candidato para governar a cidade. O outro teste decisivo é Recife, capital do Estado governado por Campos. O prefeito também é do PT e reivindica a reeleição, no próximo ano.

A possibilidade de o ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional) sair candidato com o apoio de Campos é real. Em princípio, Coelho seria candidato ao governo do Estado, na sucessão de Eduardo Campos, mas pode disputar a prefeitura, em 2012, se o PSB e o PT não chegarem a um acordo, desde já, em relação à disputa eleitoral de 2014.