Título: Baixada Santista perde oportunidades
Autor: Pires, Fernanda
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2011, Empresas, p. B7

A maioria das empresas da Baixada Santista ainda não acordou para o mar de negócios que a Bacia de Santos oferece. Levantamento encomendado pelo Sebrae-SP mostra que 85,2% das empresas da região têm interesse em fornecer bens e serviços para a cadeia de petróleo e gás. Mas apenas 14% desse universo buscam informações, principalmente das áreas de transporte e de construção e instalação.

O levantamento foi realizado com 600 micro e pequenas empresas (MPEs) das nove cidades que compõem a Baixada Santista e quem têm potencial de fornecimento para a Petrobras. Passar pelo crivo do cadastro da petrolífera significa quase receber um certificado ISO do setor, qualificando-se, assim, para ofertar a qualquer outra companhia dessa indústria.

"Falta comportamento empreendedor", afirma Gustavo Bizelli, analista da Diferencial Pesquisa de Mercado, contratada para fazer o diagnóstico. Nos últimos 12 meses, só 5% dos R$ 200 milhões gastos em compras corriqueiras da Petrobras para a Bacia de Santos e Refinaria Presidente Bernardes (em Cubatão) foram abocanhados por empresas da região. A meta do Sebrae é dobrar o percentual até 2020, investindo em capacitação e informação. Segundo o estudo, existem na Baixada Santista 6 mil MPEs cujas atividades têm "aderência" ao cadastro da petrolífera.

A alta carga de burocracia no cadastramento foi apontada como a principal desvantagem pelas MPEs. Em seguida, ficou a baixa margem de ganhos - já que vence a concorrência a empresa que apresentar a menor cotação.

Foi o excesso de exigências de documentos que afastou o gerente de compras e serviços Renan Martins de Almeida do processo para se tornar um fornecedor local. "Quando faltam uma ou duas informações, você prossegue. Mas quando são seis, sete documentos, você desiste", afirma ele. Ele trabalha no Centro Automotivo Ademar, com faturamento anual de R$ 360 mil. Presta serviço para terminais portuários e para o polo siderúrgico de Cubatão. "Mas agora o sistema está mais fácil e vou tentar novamente."

Para a gerente de vendas da Somma, empresa de inspeção e metrologia, Priscila Mianutti, o mais difícil é reunir os documentos em tempo hábil. O prazo de apresentação de toda a documentação expirava no dia 30, mas ela ainda aguardava alguns dados que não haviam sido emitidos por repartições públicas. "Nesse caso, teremos de começar tudo de novo."

A pesquisa mostrou excesso de otimismo entre as MPEs em relação às oportunidades. Mas na prática, poucas delas estão preparadas. Por exemplo, 55% não possuem página na internet; 70% não vendem para o poder público; 44% não treinaram empregados nos últimos 12 meses; e 43% não têm processo padronizado. Apenas 11,5% têm ou estão buscando certificação ISO 9000 e 15% já participaram de pregão eletrônico.