Título: PT reforça campanha na sua base sindical
Autor: Romero, Cristiano
Fonte: Valor Econômico, 10/07/2006, Política, p. A8

Nas eleições passadas, a estratégia de campanha do candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, estava centrada na formação de uma imagem de um ex-líder metalúrgico amadurecido e moderado - e ela passava pelo distanciamento do candidato de suas origens sindicais e dos movimentos sociais. Nesta campanha, o PT está concentrando esforços para trazer a base sindical e a militância social para a campanha.

O lançamento oficial da campanha de Lula está carregado de simbologias. Será em São Bernardo do Campo, no Grande ABC, berço do novo sindicalismo que projetou Lula nacionalmente, nos anos 80, na ditadura militar. O restaurante escolhido foi o popular São Judas Tadeu, onde, há 27 anos, foi feita a reunião de lançamento do Movimento pelo Partido dos Trabalhadores, que deu origem ao PT. O preço já não é muito popular: R$ 200 por cabeça, com direito ao self service de "pratos tradicionais do Bairro Demarchi", onde fica o restaurante, segundo informa o site do PT. A "pièce de resistance" do jantar será o frango com polenta. Cada convidado terá direito a um suco de laranja e vai pagar à parte outras bebidas.

Foram emitidos 3 mil convites. Se a casa estiver cheia, a coligação Força do Povo (PT, PCdoB e PRB) obterá uma arrecadação bruta de R$ 600 mil no primeiro evento de campanha. Como determina a lei eleitoral, os ingressos apenas poderão ser comprados mediante pagamento em cheque, já que se destinam ao financiamento da campanha eleitoral do presidente Lula, que foi orçada em R$ 89 milhões. Esta foi a previsão de gastos eleitorais apresentada pelo candidato ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na semana passada.

Além de Lula e da primeira-dama Marisa Letícia, participarão do jantar o vice-presidente José Alencar, candidato à reeleição na chapa de Lula, dirigentes do PCdoB e do PRB e o candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante.

Outro reforço na mobilização sindical deverá ser o do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Segundo noticiou ontem o "Diário do Grande ABC", o ministro foi convidado para coordenar a campanha nacional pela reeleição de Lula. O convite, feito por recomendação do presidente estadual do partido, Paulo Frateschi, foi confirmado pela assessoria do ministro, segundo o jornal. Marinho ainda não deu uma resposta ao PT. Caso assuma a função, ele deixará o ministério nos próximos dias.

Na sexta, numa reunião de sindicalistas integrantes da CUT, da CGBT e da Força Sindical, na sede nacional do PT, foi criado o Comitê Sindical Nacional. O Comitê será sediado em São Paulo e organizará seções regionais. Foi marcada também para 1º de setembro uma mobilização nacional do movimento sindical em apoio a Lula. Está prevista também uma plenária nacional de sindicalistas, marcada para 19 de agosto.

Amanhã, está marcada uma reunião do partido com movimentos sociais. O PT espera ter presentes dirigentes da União Nacional dos Estudantes (UNE), do MST, da Central de Movimentos Populares (CMP) e de outras entidades.

Nesta semana, o partido terminará de definir a agenda de campanha até o dia 15 de agosto, quando se inicia o período de propaganda no rádio e na televisão.

(Com agências noticiosas)