Título: Governo libera R$ 75 milhões para Estados do Sudeste mais atingidos pelas chuvas
Autor: Sousa ,Yvna
Fonte: Valor Econômico, 12/01/2012, Brasil, p. A2

O governo federal vai repassar R$ 75 milhões para os Estados do Sudeste atingidos por fortes chuvas e enchentes neste mês. Minas Gerais receberá a maior parte dos recursos: R$ 30 milhões. Serão repassados ainda R$ 25 milhões para o Rio de Janeiro e R$ 20 milhões para o Espírito Santo. Os recursos fazem parte do crédito extraordinário de R$ 482,8 milhões reaberto pela presidente Dilma Rousseff na semana passada para combater os efeitos dos desastres. O dinheiro será disponibilizado por meio do cartão de pagamento da Defesa Civil, que permite aos municípios e Estados receberem, com menos burocracia, verba federal para o enfrentar desastres naturais.

"Esses recursos poderão prover as despesas referentes a mantimentos, abrigos, pagamento do aluguel social, combustível, enfim, todas as despesas necessárias ao restabelecimento da situação anterior ao quadro de desastre", explicou o ministro de Integração Nacional, Fernando Bezerra, em entrevista no Palácio do Planalto, após reunião interministerial na Casa Civil, ontem, para avaliar as ações do governo. Ele estima que o dinheiro já esteja disponível para os Estados na próxima semana.

Os boletins da defesa civil nos Estados informam que Minas Gerais e Espírito Santo já têm mais de 36,6 mil desabrigados e desalojados. Cento e oitenta e duas cidades mineiras sofrem com as chuvas e 127 decretaram estado de emergência. Quinze pessoas morreram em decorrência das enchentes em Minas e 18 em função do deslizamento de terra em Sapucaia (RJ).

Outra providência tomada pelo governo federal é a antecipação do pagamento dos benefícios do Bolsa Família aos inscritos no programa que morem nas cidades mineiras que decretaram estado de emergência. Os benefícios estarão disponíveis a partir do dia 18. A medida deverá beneficiar mais de 328 mil famílias. Ao todo, os benefícios ultrapassam R$ 38 milhões.

As chuvas também castigam Goiás desde dezembro e os prejuízos, segundo informou ontem o governador Marconi Perillo (PSDB), chegam a R$ 31 milhões. Pelo menos sete cidades notificaram problemas - Luziânia, Itumbiara, Porangatu, Goiás Velho, Palmeiras de Goiás, Goiânia e Anápolis. Apenas Luziânia decretou situação de emergência, mas que a expectativa do governo é que os outros seis municípios passem a integrar a lista ou decretem situação de calamidade pública.

O apoio financeiro da União a Minas, Rio e Espírito Santo foi divulgado três dias depois de ser criada a Força Nacional de Apoio Técnico de Emergência, que vai executar ações contra desastres. Entre as medidas anunciadas na segunda-feira e já iniciadas está o envio de profissionais especializados para as áreas de risco.

Trinta e cinco geólogos e cinco hidrólogos já trabalham no mapeamento das áreas sujeitas a deslizamentos e inundações, de forma que as famílias possam ser retiradas dos locais com antecedência. A Força Nacional também já enviou oito mil cestas básicas, 15 toneladas de kits de medicamentos e 300 barracas de apoio para alojamento aos três Estados.

O ministro da Integração Nacional disse que Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro já começaram a solicitar ajuda do governo federal para a reconstrução de pontes, estradas e prédios públicos. "O governo analisa essas solicitações para recuperação de pontes, estradas, prédios públicos, e oportunamente estaremos também informando os valores que serão repassados aos Estados."

A presidente Dilma Rousseff determinou ontem que os ministros viajem novamente ao Sudeste para acompanhar de perto as ações de combate às enchentes e de assistência à população atingida. Ela enviou a primeira "missão ministerial" na segunda e terça-feira.

O governo federal deve anunciar amanhã medidas de emergência para os produtores rurais da região Sul afetados pelo longo período de seca que provoca perda de safra. O Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os Estados mais afetados, além de alguns municípios do Paraná. A prorrogação das dívidas dos agricultores está entre as medidas em discussão, segundo o ministro Fernando Bezerra.

O Rio Grande do Sul já está com 188 municípios em situação de emergência e mais de 1 milhão de pessoas prejudicadas pela estiagem. Além dos problemas causados para as lavouras de milho, soja e feijão, a população também está sofrendo com o calor intenso, a baixa umidade do ar e a dificuldades de acesso à água potável.

Na Bahia, dos 123 municípios que decretaram situação de emergência durante o período da seca, 43 deles permanecem com o decreto em vigor. Todos os municípios em situação de emergência estão no Semiárido baiano, que ocupa sobretudo a região central do Estado. Segundo a Defesa Civil estadual, a produção agrícola desses municípios, sobretudo a agricultura familiar, foi o setor mais atingido. O governo da Bahia está pleiteando ao Ministério da Integração a liberação de R$ 30 milhões para amenizar os danos causados pela estiagem e para trabalhar em ações preventivas. (Com agências noticiosas)