Título: IBS prevê produção de 50 milhões de toneladas até 2010
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 29/08/2006, Empresas, p. B6

Até 2010, o Brasil planeja elevar a capacidade de produção de aço para 50,8 milhões de toneladas anuais, que atualmente é de 36,6 milhões ao ano. Se ampliar a oferta do produto em 38,8%, o país se posicionaria, hoje, em quinto lugar, atrás da China, Japão, Estados Unidos e Rússia no ranking mundial do Instituto Internacional de Ferro e Aço (IISI), disputando a posição com Alemanha e Coréia. Em 2015, poderá competir com a Rússia pelo 4º lugar, caso alcance as 70 milhões de toneladas previstas pela entidade. Com isso, o país poderá subir a lista do IISI, já que em julho caiu para o 10ª , perdendo o 9º lugar para a Itália.

Marco Pólo de Mello Lopes, vice-presidente do IBS, vê com otimismo as expectativas de aumento da produção nos próximos três anos. A previsão do IBS para a produção no curto prazo se baseia numa expansão de 7,3 milhões de toneladas nos projetos de expansão da CST Arcelor, Villares, Açominas e Barra Mansa e mais 6,9 milhões das novas usinas da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), da ThyssenKrupp e da Ceara Steel, da coreana Dongkuk e italiana Danieli. Ao todo, serão mais 14,2 milhões na oferta nacional.

Em 2015, o crescimento adicional da produção de aço pode chegar a 18 milhões de toneladas/ano. Essa previsão, porém, só se concretizará se os projetos de novas usinas mapeados por Usiminas, CSN, Gerdau e Belgo Arcelor saírem do papel. A Usiminas planeja unidade de 5 milhões de toneladas de placas; a CSN, de 6 milhões; Barra Mansa, 1 milhão; Gerdau, 4 milhões; e Belgo, 2,4 milhões.

Para o diretor técnico do IBS, Rudolf Bühler, o maior desafio para a indústria brasileira de aço é o de ampliar a produção na segunda metade da próxima década. Será um investimento mais complexo devido ao cenário externo de retração econômica mundial e a entrada firme da China no mercado ocidental, com excedente de exportação superior a 40 milhões de toneladas por ano de produto longos e planos.

"A China é hoje a maior preocupação do setor siderúrgico em todo o mundo, pois tem escala e em breve estará produzindo mais de 400 milhões de toneladas ao ano e demandando 360 milhões. Um excedente de 40 milhões de toneladas jogado no mundo é muito grande. Ela é o fiel da balança desse mercado", afirma Bühler.

Atualmente, a China vive um processo de consolidação do seu parque siderúrgico de mais de 800 usinas. As usinas pertencem a províncias que para fecharem uma fábrica entrarão certamente em conflito com o governo central. "Os impactos políticos, econômicos e sociais desse processo serão muito fortes e isto vai reduzir sua velocidade", prevê Bühler. A meta do governo chinês é ter duas usinas de 30 milhões de toneladas de aço cada uma e duas de mais de 10 milhões, num primeiro movimento de fusão. Nesse contexto, novas usinas estão sendo construídas e muitas começarão a operar antes de completar o processo em curso de fusão das antigas, gerando novos superávits de produção.

Nesse ambiente, os novos projetos das usinas brasileiras terão futuro garantido se firmarem joint venture com usinas estrangeiras dispostas a consumir parte da produção, firmando contratos de longo prazo. No caso da Usiminas, a empresa já procura um sócio estratégico que demande parte de sua produção de 5 milhões de toneladas. A CSN poderá ter a chinesa Baosteel como parceira.