Título: Resultado reforça PIB inferior a 3%
Autor: Giffoni ,Carlos
Fonte: Valor Econômico, 06/01/2012, Brasil, p. A3

O resultado da produção industrial de novembro reforçou as expectativas de economistas ouvidos pelo Valor de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá abaixo de 3% em 2011. O tímido avanço de 0,3% na comparação com outubro, segundo a Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM/PF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), era previsto e corrobora um ano fraco para a indústria, quadro que deve ser levado para o início de 2012.

"A base de comparação estava muito baixa. Era de se esperar uma retomada. A reversão das macroprudenciais e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados da linha branca ajudam a produção, principalmente em dezembro", diz Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, cuja projeção de PIB para 2011 permanece em avanço de 2,8%.

A expectativa para o PIB do ano passado da Quest Investimentos está em alta de 2,7%. Segundo o economista Fabio Ramos, a consultoria acertou o resultado do mês de novembro para a produção industrial, logo não precisou rever sua projeção. "Há outras variáveis, como o comportamento do varejo, que têm sido mais relevantes que a indústria para definir o PIB. Essa pequena alta em novembro não recupera as perdas sucessivas que a antecederam." Em agosto, a queda da PIM/PF foi de 0,2%. Em setembro e outubro, o seu recuo ficou em 2,0% e 0,6%, respectivamente. "O Brasil "apanha" em questões domésticas. É preciso reduzir os impostos sobre o trabalho, lucro e produção, para que se possa produzir mais", completa Ramos.

O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, acredita que a produção industrial em dezembro não trará surpresas, avançando 0,3% na comparação mensal, com os ajustes sazonais. O índice reforça sua previsão de crescimento de 2,8% do PIB em 2011 - que também não foi alterada.

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) revisou 0,1 ponto percentual para baixo a sua previsão para o PIB em 2011, segundo o economista Julio Gomes de Almeida, e a expectativa caiu para 2,7%. Para Almeida, o resultado fraco da indústria faz sombra ao verdadeiro problema que pode decorrer desse cenário. "O empresário que for investir em 2012 não levará em conta um crescimento de 2,7% ou de 3% do PIB, mas sim o resultado mais recente. O dado da indústria mostra que estamos perto de repetir um PIB estagnado no 4º trimestre e, por isso, o investimento será repensado."

Alessandra, da Tendências, acredita que o salário mínimo dará fôlego extra ao consumo em 2012, influenciando a produção industrial. Na sua opinião, esse quadro só deve se concretizar a partir do 2º trimestre, após a indústria liberar os estoques, que tendem a limitar a produção no início do ano.

Segundo Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o crescimento do setor no começo do ano deverá ser "bem modesto". "O 1º trimestre de 2012 será mais difícil até que a redução de juros, o estímulo ao crédito e as medidas de incentivo ao consumo de duráveis tenham reflexo na economia", diz. A CNI também projeta um avanço de 2,8% do PIB para 2011, pouco menor que os 3% esperados para 2012. "Alguns segmentos ainda têm estoques muitos elevados e essas medidas vão ajustar o excedente, o que deve caracterizar a indústria no começo do ano. Na medida em que houver esse ajuste, a produção deve retomar a normalidade", avalia.