Título: Aguinaldo Ribeiro assume Pasta das Cidades e garante ser 'ficha limpa'
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Fonte: Valor Econômico, 03/02/2012, Política, p. A6

Após ser escolhido para comandar o Ministério das Cidades com a recomendação da presidente Dilma Rousseff de estudar no fim de semana os programas da Pasta, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PB) assegurou ontem ser "ficha limpa" e disse esperar que sua nomeação contribua para pacificar a bancada do PP no Congresso.

Formado em administração de empresas, Ribeiro substituirá o deputado Mário Negromonte (PP-BA), que deixa o cargo após uma série de denúncias de irregularidades. O parlamentar, que refuta as denúncias, ponderou a aliados que sua demissão deve-se ao "fogo amigo" vindo de colegas de partido. Ele foi o nono ministro a deixar o Executivo desde a posse da presidente Dilma, em janeiro de 2011. O sétimo que sai do governo em meio a suspeitas.

Alguns integrantes da bancada do PP no Congresso, entretanto, dizem temer que Ribeiro também seja alvo do chamado fogo amigo. Um dos futuros prováveis pontos de atrito entre as diferentes alas da bancada do PP na Câmara deve ser a eleição do sucessor de Ribeiro na liderança da sigla na Casa. Já há articulações de aliados do novo ministro para emplacar o deputado Arthur Lira (AL) na função, mas o nome do parlamentar enfrenta resistências do grupo ligado a Negromonte. A posse do próprio Aguinaldo Ribeiro no cargo de líder também deveu-se à disputa interna.

"O que nos motivou sempre com as mudanças na Câmara foi a melhoria e o fortalecimento do partido. Nós sempre buscamos a unidade, e acredito que nós tenhamos agora esse caminho da unidade por alcançar num futuro muito próximo", afirmou o novo ministro em entrevista a jornalistas, depois de reunir-se com Dilma e o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ). "Nós estamos preocupados agora em trabalhar. A melhor resposta a partir de agora é trabalho."

A posse do novo ministro deve ocorrer na segunda-feira. Ribeiro contou que a presidente não lhe passou nenhuma orientação específica em relação aos trabalhos na Pasta. Ressaltou, no entanto, que é preciso dinamizar a relação do ministério com a Caixa Econômica Federal a fim de facilitar a execução do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

"Sabemos da dificuldade que temos, sobretudo na operacionalização de várias áreas importantes, como o programa de habitação, de saneamento, do reordenamento urbano, dos desastres naturais, mobilidade", comentou. "Ela [Dilma] disse que eu aproveitasse esse fim de semana, porque eu vou ter muito trabalho pela frente."

Ribeiro relatou ainda que a presidente Dilma não lhe cobrou explicações sobre os processos que respondeu por improbidade administrativa devido ao período em que foi secretário de Agricultura do Estado da Paraíba. A questão já "está vencida" e foi julgada pela Justiça e pelo Tribunal de Contas da União (TCU), argumentou.

A exoneração de Mário Negromonte foi acertada entre o ex-ministro e Dilma antes de a presidente viajar a Cuba e ao Haiti. Dilma voltou a Brasília na madrugada de ontem, e no início da tarde concluiu o processo de transição no Ministério das Cidades.

Inicialmente, a preferência de Dilma era que Márcio Fortes, atual presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), retornasse ao comando do Ministério das Cidades. Fortes, que foi substituído por Negromonte justamente devido ao fato de não contar com o respaldo político da bancada do PP na Câmara, não conseguiu retornar à Pasta justamente por não ter reunido os apoios suficientes nos últimos dias. O deputado Márcio Reinaldo Moreira (PP-MG) e o senador Benedito de Lira (PP-AL) também articularam para assumir o posto.