Título: Governo vê 3 favoritos em leilão de aeroportos
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Fonte: Valor Econômico, 03/02/2012, Especial, p. A20

Os consórcios liderados por Odebrecht, Queiroz Galvão e CCR são considerados pelo governo os principais favoritos para arrematar as concessões dos aeroportos de Viracopos e de Guarulhos. A Odebrecht disputa o leilão com a Changi, operadora do aeroporto de Cingapura; a Queiroz Galvão se aliou ao BTG Pactual e à Ferrovial, controladora da BAA, que administra Heathrow e outros terminais em Londres; a CCR está com a suíça Flughafen Zürich. Para o aeroporto de Brasília, a aposta oficial é em um grupo de médio porte.

O governo manteve sigilo absoluto sobre as propostas dos consórcios, ontem, na BM&FBovespa. Fontes oficiais que acompanham o processo das concessões, no entanto, revelaram que Viracopos é o aeroporto que mais tem despertado interesse da iniciativa privada. Em conversas reservadas, autoridades do setor disseram ter ficado impressionadas com a profundidade dos estudos feitos pela Odebrecht sobre Viracopos, bem como seu grau de interesse.

O aeroporto de Campinas é o que exige maior volume de investimentos. Por isso, a duração do contrato é a mais longa, chegando a 30 anos. As três concessões têm taxa de retorno estimada em 6,46% ao ano e condições idênticas de financiamento. A avaliação do governo é que o futuro concessionário de Viracopos terá mais espaço para maximizar sua rentabilidade, com a gestão da carga aérea e com suas perspectivas de crescimento - deverá ultrapassar a movimentação de Guarulhos por volta de 2023.

O aeroporto de Guarulhos é visto como fonte segura de receita, com aumento garantido de demanda, até esgotar sua capacidade. O problema é justamente esse: considera-se que o aeroporto tem um limite curto - entre 12 e 15 anos - para crescer. Mas o valor mínimo de outorga, estipulado em R$ 3,424 bilhões após revisão do Tribunal de Contas da União (TCU), deve restringir sua disputa a grupos mais capitalizados e com relativa "folga" financeira.

A maior incógnita, segundo fontes do governo, é o destino do aeroporto de Brasília. Ele precisa de menos investimentos e tem perspectivas de aumento das receitas em ritmo superior ao de Guarulhos. Mas tem vários pontos considerados menos positivos na comparação com os outros dois: foi o que teve maior alta do valor mínimo de outorga - subiu de R$ 75 milhões para R$ 582 milhões após análise do TCU -, sua demanda por carga ainda é relativamente baixa e o potencial de atrair mais voos internacionais com a ampliação de Guarulhos e o fortalecimento de Viracopos é duvidoso.

Por isso, avalia-se que o apetite pode ser maior entre grupos médios, menos dispostos a entrar numa disputa acirrada - e possivelmente com ágios elevados - em Guarulhos e Viracopos. No entanto, segundo avaliação que circula no governo, o interesse por Brasília pode aumentar se o aeroporto se transformar na única possibilidade de vitória para grandes grupos que fiquem para trás na disputa pelos outros terminais. Classificam-se, para os lances em viva-voz, só as três melhores propostas em cada um.

Para evitar o risco de adiamento do leilão, a Advocacia-Geral da União (AGU) montou uma força-tarefa, com o objetivo de derrubar pedidos de liminares.