Título: Alckmin apela a lideranças locais
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 29/08/2006, Política, p. A12

Divulgação Alckmin em Mogi das Cruzes: "Enquanto a gente não tirar essa praga da corrupção, o Brasil não vai para frente" O comando da campanha do candidato tucano a presidente, Geraldo Alckmin, decidiu deflagrar uma ofensiva nacional no mês que antecede o primeiro turno das eleições, na tentativa de levar a disputa para o segundo turno. Uma das tarefas, a cargo dos senadores Sérgio Guerra (PSDB-PE) e Heráclito Fortes (PFL-PI), coordenadores nacionais da campanha, já está sendo cumprida: os dois estão viajando pelo Nordeste nesta semana para cobrar dos candidatos do PSDB e do PFL nas eleições estaduais empenho à candidatura Alckmin. Muitos fazem corpo mole ou tentam pegar carona no favoritismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em outra frente, os presidentes dos dois partidos, senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Jorge Bornhausen (PFL-SC), vão cumprir uma agenda nacional paralela à de Alckmin, que deve ser definida nos próximos dias, para estimular lideranças locais e participar de atos de campanha. Alckmin, por sua vez, aumentou seu controle sobre a campanha. Está articulando pessoalmente a mobilização de prefeitos e lideranças municipais, uma das metas da campanha nessa reta final. O núcleo político aposta no poder dos líderes locais. Estão sendo programados encontros no Rio Grande do Sul, na Bahia e em Goiás.

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) pretende reunir 500 prefeitos do Nordeste num ato de apoio a Alckmin em Salvador, no início de setembro. Metade dos prefeitos convidados é da Bahia e o restante, dos outros estados da região. Serão chamados governadores e lideranças da região. "Esses líderes têm que acreditar na vitória de Alckmin", disse o senador. Segundo as pesquisas, Lula tem mais de 65% das intenções de voto no Nordeste e Alckmin, no máximo 15%.

O ex-governador vai elevar paulatinamente o tom das críticas ao governo petista no programa eleitoral do horário gratuito da televisão. "Nosso discurso é de crítica crescente nos programas", definiu Guerra. A decisão de "evoluir" nas acusações ao governo, sem mudanças bruscas no estilo do candidato, foi tomada pela equipe de marketing da campanha em acordo com o núcleo político.

Em sua peregrinação política pelo Nordeste, os coordenadores da campanha, Guerra e Heráclito, só deixarão de visitar nesta semana o Ceará. O governador Lúcio Alcântara (PSDB), que disputa a reeleição sem contar com o apoio do presidente nacional do seu partido, não mostra empenho pela candidatura Alckmin.

Ontem, Guerra e Heráclito estavam no Maranhão, outro foco de problemas, por causa da disputa local o PSDB e o PFL da senadora Roseana Sarney, candidata ao governo. Ela diz estar neutra na disputa presidencial. Além de buscar "maior entrosamento" entre os aliados e cobrar empenho na campanha, os coordenadores verificam se o material de propaganda enviado pelo comitê de Brasília está sendo distribuído.

O Pernambuco, estado do coordenador tucano e do candidato a vice-presidente na chapa, senador José Jorge (PFL), é mais um em que o eleitorado mostra larga preferência por Lula. Alckmin já reclamou da falta de resultados no Estado, embora seja apoiado por lideranças políticas de peso, como o ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), candidato ao Senado, e o presidente do PPS, deputado Roberto Freire.

Também não mostram empenho na campanha de Alckmin o governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), que disputa a reeleição, e o senador Teotônio Vilela Filho (PSDB), candidato ao governo de Alagoas. Em Sergipe, o apoio à reeleição do governador João Alves (PFL) rachou o PSDB. Alckmin tem conversado muito com o governador pefelista.

O jornalista Luiz González, responsável pelo marketing da campanha de Alckmin, tem sido acionado pelos coordenadores políticos para explicar sua estratégia a aliados que cobram maior agressividade na campanha. Ele explica que o público-alvo na fase inicial do programa é o eleitorado indeciso - chega a 54% - e que as diferenças entre os candidatos serão mostradas progressivamente.