Título: PT escolhe no voto candidato à sucessão de João Paulo
Autor: Henrique Gomes Batista e Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 22/12/2004, Poítica, p. A6

O PT iniciou ontem o processo de afunilamento para decidir quem sucederá o presidente da Câmara, João Paulo Cunha. Na noite de ontem, após uma longa reunião da bancada petista, ficou decidido que apenas quatro dos sete pré-candidatos estão na reta final pela indicação: Virgílio Guimarães (MG), Professor Luizinho (SP), Arlindo Chinaglia (SP) e Luiz Eduardo Greenhalgh (SP). Hoje haverá a decisão final da bancada, com apresentação de um único nome. Não está decidido o critério da escolha, se nova votação ou decisão consensual da bancada. Os 76 deputados presentes votaram em uma lista tríplice. O mineiro liderou a contagem final, com 47 votos, seguido por Professor Luizinho, com 42 votos. Chinaglia e Greenhalgh ficaram empatados com 39 votos. Como cada deputado da bancada do PT votou numa lista com três nomes, o resultado individual dos candidatos não indica, necessariamente, que seja essa a ordem de preferência de suas candidaturas entre os colegas. Para o presidente da Câmara, o ideal seria uma definição consensual. A escolha do nome está sendo um processo difícil para os petistas.. Virgílio Guimarães é o candidato preferido de João Paulo, mas já teria recebido vetos do Palácio do Planalto. Professor Luizinho e Chinaglia são dois nomes com mais resistência na bancada. Boa parte dos petistas considera que ambos, na condição de líderes do governo e da bancada, respectivamente, não agiram muitas vezes de forma democrática, desrespeitando opiniões divergentes do partido em relação ao Palácio do Planalto. A vantagem de ambos seria o bom trânsito com parlamentares e líderes de outros partidos, até pelo exercício do cargo. Já o deputado Greenhalgh, considerado um azarão por ser um petista independente, possui algumas vantagens comparativas. Além de ser amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um advogado respeitado pelo PT, o paulista tem boa receptividade na bancada. O problema é a falta de entrosamento e articulação de Greenhalgh com outros parlamentares, especialmente de partidos de direita. O campo majoritário do PT analisa com critério qual é a escolha mais inteligente sob o ponto de vista político: se indicar um candidato com maior respeitabilidade da bancada e menor receptividade do plenário, ou vice-versa. Na torcida por Virgílio Guimarães, o presidente da Câmara acha melhor indicar um candidato que tenha força no plenário para evitar qualquer brecha de apresentação de uma candidatura avulsa, seja da oposição ou de um partido mais independente da base aliada. Virgílio adotou um discurso cauteloso após a reunião que o consagrou como o mais votado para a candidatura à presidência da Câmara. "Eu ser o mais votado não significa nada, pois não sei quantos votariam em mim se a eleição fosse para escolher apenas um nome", disse.