Título: A segunda do mundo
Autor: Campbell, Ullisses
Fonte: Correio Braziliense, 25/09/2010, Economia, p. 20

Com a megaoperação em torno da estatal brasileira de petróleo, a BM&FBovespa ultrapassou Chicago e agora ocupa o posto de número 2 no ranking dos maiores centros de negociação do planeta

A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) tornou-se, com a operação de capitalização da Petrobras, a segunda maior bolsa do mundo em valor de mercado, chegando a US$ 17,7 bilhões, o equivalente a R$ 30,4 bilhões. Segundo o presidente da companhia, Edemir Pinto, a bolsa paulista vale 25% a mais do que as congêneres de Nova York e de Londres. Antes, a BM&FBovespa ocupava a terceira posição no ranking, mas ultrapassou Chicago.

O valor da nossa bolsa, como empresa, certamente está ligado ao potencial de crescimento do país e das empresas brasileiras e é fruto da operação que comemoramos, disse. A referência era à megacapitalização da Petrobras. No segmento financeiro, os investimentos viajam em busca de maior rentabilidade, o que estimula a concorrência entre as bolsas e infla o valor das companhias formadas para gerir os negócios.

As maiores bolsas do mundo são as de Hong Kong (valor de mercado(1) de US$ 19,8 bilhões), a BM&FBovespa, a Chicago Mercantile Exchange (US$ 17,5 bilhões), a de Frankfurt (US$ 13 bilhões), a Intercontinental Exchange (US$ 7,5 bilhões). A mais famosa delas, a de Nova York, é apenas a sexta mais forte, com valor de US$ 7,4 bilhões). As outras quatro que compõem o ranking das 10 primeiras são: Cingapura (US$ 7,2 bilhões), Sydney (US$ 5,3 bilhões), Nasdaq (US$ 3,9 bilhões) e a de Londres (US$ 2,9 bilhões).

Segundo Edemir Pinto, a redução da tributação sobre os ganhos de capital para 15% ajudou na popularização do segmento acionário no Brasil. Ele cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, a diminuição do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no mercado. Num momento em que o país precisa de capital para investir, a existência desse custo não faz o menor sentido. Ele tem um impacto direto nas empresas de médio e pequeno porte que poderiam usar a bolsa para captar recursos, disse.

Formada em 2008 a partir da fusão das operações da Bovespa e da antiga Bolsa de Mercadorias e de Futuros (BM&F), a bolsa paulista é uma companhia de capital brasileiro. É a principal instituição de intermediação de operações no mercado de capitais nacional e a única bolsa de valores, mercadorias e futuros em operação no Brasil a similar, no Rio de Janeiro, que era a maior do país, foi absorvida pela paulista depois que vários escândalos financeiros a abalaram.

1 - Multiplicação O valor de mercado é o resultado da multiplicação do número de ações da empresa em circulação pelo preço delas. Em outras palavras, ele representa o volume de recursos que um investidor teria que desembolsar se fosse comprar a companhia. Essa quantia, entretanto, varia diariamente, de acordo com a cotação dos papéis.