Título: Nova ponderação do IPCA já reduz previsões para 2012
Autor: Pedroso,Rodrigo
Fonte: Valor Econômico, 29/11/2011, Brasil, p. A4

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem a nova ponderação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e ela já provocou uma rodada de pequenas reduções nas projeções do índice para 2012. A nova ponderação será utilizada a partir de janeiro do ano que vem. Pelo novo cálculo, os setores de habitação, transporte e saúde ganham peso na composição do índice, enquanto alimentação não apresenta grande variação. As primeiras revisões das projeções para o IPCA de 2012 vão no sentido esperado pelo governo e reduzem a taxa entre 0,3 e 0,35 ponto percentual.

Em cálculos preliminares, a LCA Consultores espera diminuir em até 0,3% a previsão do IPCA para o ano que vem. Antes do anúncio do IBGE, no entanto, a consultoria trabalhava com uma queda menor. "Nossos exercícios apontavam para 0,2 ponto percentual a menos, mas aumentamos essa variação. Celular, que aumenta menos de preço do que a telefonia fixa, ganhou mais peso, por exemplo", afirmou o economista Fabio Romão. A revisão para baixo "é a tendência da maioria dos analistas do mercado", diz ele

Para a Tendências Consultoria, o reajuste nas previsões será maior. Também em cálculo preliminar, a consultoria acredita que a queda no IPCA do ano que vem será de até 0,35 ponto percentual. "Prevíamos impacto de 0,2 ponto, mas depois dos dados consolidados aumentamos a influência da nova conta", disse o economista Thiago Curado. Já com o novo "desconto", a Tendências espera uma inflação próxima a 5,5% para 2012.

Segundo o analista, os principais itens que influenciaram a revisão foram educação, que passou de um peso de 7,22% para 4,22%, e comunicação, que saiu de 5,57% para 5,28%. Empregado doméstico, que está dentro de despesas pessoais, também ajudou (mudou de 3,64% para 3,03%). "Essas foram as maiores surpresas. A educação estava pressionando muito a inflação em virtude do aumento das mensalidades, acima da média. Emprego doméstico, por causa dos reajustes salariais, também é um componente de peso."

Veículo próprio, que cobre automóveis e motocicletas novas e usadas, ganhou quase 5 pontos de importância, saindo de um peso de 7,4% para 12%. Essa mudança diminui a pressão na inflação, já que o preço desses produtos tem variado pouco nos últimos anos. Telefone fixo, que antes representava 3,05% do IPCA e agora tem peso de 1,74%, perdeu espaço para o celular (de 1,26% para 1,58%), onde a variação de preços tem sido menor devido à concorrência.

O peso de alimentação e bebidas mudou pouco, apesar de uma pequena alteração na composição dos subitens, com aumento da participação das refeições fora de casa. Do outro lado, ganharam preponderância três setores. Transportes pulou de 18,82% para 21,97%, principalmente pelo aumento da participação de veículos no consumo da população, com etanol e gasolina aumentando o peso na cesta total do índice. Saúde e cuidados pessoais cresceu (de 10,74% para 11,06%), assim como habitação. Esse último, que passou de 13,31% para 14,25%, viu o subitem aluguel e taxas cair levemente, enquanto o peso de aluguel residencial subiu de 2,94% para 3,39%.

A expectativa com o novo cálculo da inflação é de queda relativa de serviços e aumento da importância de bens duráveis. Com isso, segundo Curado, o governo vai ganhar uma pequena folga na pressão inflacionária no ano que vem. "Os eletroeletrônicos têm variação de preço baixa, pois são importados em sua maioria. Isso vai fazer o mercado reduzir suas projeções."