Título: Analistas esperam juro de 14% no fim do ano
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 01/08/2006, Finanças, p. C2

Apesar do tom mais conservador da última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, os analistas econômicos estão projetando um corte mais intenso nos juros básicos da economia até o final do ano. Agora, a previsão mediana dos cerca de 100 departamentos econômicos consultados é que a Selic encerre o ano em 14% ao ano, em vez dos 14,25% projetados uma semana antes.

A projeção pressupõe que haverá três cortes de juros de 0,25 ponto percentual cada nas três reuniões marcadas daqui para o final do ano - a próxima será em agosto, e as seguintes, em outubro e em novembro. Antes, a previsão era que os juros básicos, hoje fixados em 14,75% ao ano, sofressem dois cortes de 0,25 ponto até o final de 2006.

Os dados da pesquisa de expectativas de mercado foram colhidos na última sexta-feira, um dia após o Copom divulgar uma ata em que sinalizava "maior parcimônia" na redução da taxa básica de juros. O documento fez perder força entre os analistas as apostas em um corte de 0,5 ponto nos juros em agosto.

A pesquisa de mercado do BC mostra que, na visão dos analistas econômicos, o processo de afrouxamento da política monetária teria continuidade em 2007. O juro baixaria 0,25 ponto em metade das reuniões - seriam quatro cortes em oito encontros previstos. Com isso, a taxa Selic encerraria 2007 em 13%.

A pesquisa de mercado do BC também mostra que os analistas econômicos reduziram, pela nona semana seguida, as suas expectativas para a inflação de 2006, de 3,76% para 3,74%. As projeções para 2007 continuam em 4,5%, exatamente no centro da meta fixada para o ano.

Contribuiu para a queda nas projeções de 2006 a inflação corrente mais baixa. Os analistas, agora, projetam um IPCA de 0,15% em julho, ante 0,2% na semana passada e 0,3% há quatro semanas. A projeção para agosto caiu de 0,34% para 0,32%.

A projeção para os próximos 12 meses, porém, subiu, passando de 4,38% para 4,41%. A alta nas projeções reflete fatores meramente estatísticos, e não tem relação com uma eventual deterioração nas expectativas. A série de 12 meses incorpora cada vez menos a inflação de 2006, que é mais baixa, e mais o índice projetado para 2007, mais elevado.

O crescimento econômico esperado para 2006 se manteve inalterado, em 3,6%, assim como a taxa de câmbio no encerramento do ano, em R$ 2,20.