Título: De olho em aliança futura, tucanos evitam críticas diretas a Kassab
Autor: Cunto,Raphael Di
Fonte: Valor Econômico, 29/11/2011, Política, p. A8

Os quatro pré-candidatos do PSDB à Prefeitura de São Paulo negaram ontem, no primeiro debate das prévias do partido, que ficarão sem discurso caso concorram contra o candidato do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), que herdou a prefeitura do partido em 2005, quando o então prefeito José Serra (PSDB) renunciou para concorrer ao governo estadual, e ensaiaram críticas à gestão do prefeito, embora não o tenham atacado diretamente, de olho em uma possível aliança.

"Vamos reconhecer aquilo que ajudamos a construir no governo", afirmou o secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas (PSDB), um dos quatro pré-candidatos. O neto do governador Mário Covas (morto em 2001) defendeu no discurso de abertura que a política de assistência social do PSDB na cidade não seja "higienista" - principal crítica da oposição a Kassab. "A gente não pode chegar com mangueira para tirar as pessoas da calçada", disse.

Incitada por uma cartilha dos diretórios do partido na zona norte da capital, a crítica ao atual modelo das subprefeituras foi recorrente nos discursos. Na opinião desses tucanos, que tiveram a concordância dos pré-candidatos, os órgãos regionais estão muito enfraquecidos com o papel de "zeladorias" dado na gestão Kassab e o melhor seria descentralizar os serviços da prefeitura, um modelo implantado pela ex-prefeita Marta Suplicy (PT, de 2001 a 2004) e descontinuado depois.

O secretário estadual de Cultura, Andrea Matarazzo (PSDB), afirmou que é preciso uma reforma administrativa, com os serviços de atendimento à população indo para os bairros e com mais agilidade. "Não é possível você demorar tantos meses para tirar um alvará e ser mal atendido, como hoje é nas subprefeituras", disse o tucano, que coordenou as subprefeituras por três anos na gestão Kassab.

O ataque ao modelo também foi tema da abertura feita pelo secretário estadual de Energia, José Aníbal (PSDB). "Temos que fazer prefeituras distritais, com delegação efetiva de poder, para que o subprefeito seja um agente de atração de investimentos", afirmou.

Único a não citar as subprefeituras no discurso inicial, o deputado federal Ricardo Tripoli (PSDB) pediu mais atenção aos idosos e focou as críticas no PT. "Do Código Penal nós tínhamos que tirar alguns artigos, porque não pega furto para eles, não pega roubo para eles, e quem for aloprado está absolvido", afirmou, referindo-se ao escândalo da compra de um dossiê em 2006 - o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou os envolvidos de "aloprados".