Título: BC alerta para bolha
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Fonte: Correio Braziliense, 25/09/2010, Economia, p. 24

Meirelles diz que o forte ingresso de dólares no Brasil pode intensificar a oferta de crédito e garante que medidas estão sendo adotadas para proteger a economia de elevação da inadimplência

Nova York A forte entrada de dólares está elevando o risco de uma bolha de crédito no Brasil, forçando as autoridades a impor regras mais duras sobre empréstimos bancários, afirmou ontem o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. O volume de crédito disponibilizado pelos bancos brasileiros teve forte alta nos últimos meses, depois que o governo estimulou o consumo para dar suporte à economia durante a crise econômica global.

Os dólares que chegam ao país podem intensificar essa tendência, ao ampliar a liquidez no sistema bancário, acrescentou Meirelles. O Banco Central está muito cuidadoso. É por isso que continuamos fortalecendo regras prudenciais no Brasil, para proteger a economia brasileira de bolhas de crédito, disse a investidores em evento organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em Nova York.

Ele evitou fazer projeções sobre os fluxos futuros de dólar ao país, após a conclusão da oferta de ações da Petrobras. É uma atividade temerária no mundo de hoje fazer previsão sobre fluxo cambial, exatamente devido ao aumento do fluxo internacional de capitais nos últimos anos e particularmente devido ao alto nível de liquidez hoje da economia norte-americana, notou Meirelles. Dito isso, é razoável supor que o lançamento de ações da Petrobras marcou um período de ingresso expressivo de divisas, e não há uma projeção de outros lançamentos da mesma dimensão.

Desequilíbrios A política monetária expansionista nos Estados Unidos está gerando desafios para muitos países emergentes, que precisam lidar com maciços fluxos de moeda estrangeira que vêm provocando a apreciação de suas moedas, prejudicando exportadores e seu balanço de pagamentos. Meirelles disse que, embora os EUA tenham o direito de amparar sua economia com estímulos monetários, cada país tem de tomar suas próprias medidas para evitar desequilíbrios causados pelo excessivo fluxo de dólares.

No Brasil, o BC mantém sua política de comprar o excesso de oferta de dólares no mercado à vista e reforçar as reservas internacionais, disse. Meirelles acrescentou que o BC também vai atuar em nome do Tesouro Nacional para comprar dólares para o Fundo

Soberano. E revelou que o Banco Central anunciará os detalhes operacionais das compras de dólar para o Fundo Soberano, incluindo os mecanismos dos leilões. O BC vai aplicar sua metodologia de uma maneira transparente, afirmou. Mas a decisão de revelar ou não a quantia de dólares comprados é do Tesouro.

"O Banco Central está muito cuidadoso. É por isso que continuamos fortalecendo regras prudenciais no Brasil, para proteger a economia brasileira de bolhas de crédito Henrique Meirelles, presidente do Banco Central