Título: Falta demanda por linha de financiamento prefixado
Autor: Bautzer, Tatiana
Fonte: Valor Econômico, 01/08/2006, Finanças, p. C3

Falta demanda pelos financiamentos imobiliários prefixados lançados pelos bancos Itaú, Santander, Bradesco e Real ABN AMRO. "O custo ainda é alto e esse crédito não está deslanchando", diz o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Décio Tenerello. Os prefixados ainda não são competitivos.

No Santander, que tem um financiamento de 20 anos, o juro anual é de 16,95% a 18,45%. No Bradesco, que lançou o produto em setembro do ano passado, o prefixado de 12 anos tem taxa de 16%. Para imóveis comerciais, 18%. O Banco Real ABN AMRO é o concorrente mais recente na modalidade, com taxa de 18% anuais por 20 anos.

O Itaú, que opera desde fevereiro, tem dois produtos diferentes com taxa fixa - fixo por todo contrato ou taxa é decrescente a cada três anos. O juro varia entre 16,35% e 19%. "A carteira ainda é mínima, só 42 contratos", diz o diretor de crédito imobiliário, Luiz Antônio Rodrigues. Pesquisas encomendadas pelo Itaú mostravam que 54% dos clientes preferiam uma taxa fixa, mas o custo final afasta os clientes.

Os bancos chegaram a pedir ao BC e Ministério da Fazenda o uso dos prefixados como parte da exigibilidade de aplicação da poupança. O argumento com o BC foi de que o custo prefixado poderia cair para 13% ou 14% ao ano. Mas não houve receptividade à proposta e a tendência é de que seu custo só possa cair com maior volume de negócios no mercado secundário de títulos imobiliários.

Embora não haja muito interesse pelo prefixado, a demanda pelo crédito imobiliário em geral está muito aquecida. Até junho, o volume dobrou em relação ao ano passado, segundo a Abecip. Foram contratados em seis meses R$ 4,1 bilhões em crédito imobiliário, volume próximo dos R$ 4,8 bilhões de todo ano passado.

Para estimular a securitização de recebíveis, a Abecip está negociando com os bancos a padronização dos contratos de financiamento em dois ou três modelos para facilitar seu agrupamento em lotes e revenda no mercado secundário.

Outra medida para desburocratizar a concessão seria concentrar todas as informações sobre um imóvel numa só matrícula, de maneira semelhante ao sistema de registro de imóveis na Espanha. Os bancos estão discutindo financiamentos para informatização dos cartórios de imóveis de todo país. Os cartórios poderiam acessar via internet a matrícula única do imóvel, registrando a incidência de penhoras por questões judiciais ou hipotecas. Com um sistema único parecido com o Renavam utilizado para carros, diminuiria a burocracia necessária, como certidões negativas.