Título: Petistas defendem governo de cobrança de aliados
Autor: Santos,Chico
Fonte: Valor Econômico, 29/11/2011, Política, p. A8

A versão governista do seminário realizado recentemente no Rio pelos tucanos para discutir a economia do país mostrou um PT, o partido majoritário na aliança que comanda o Palácio do Planalto, mais voltado para a defesa do que vem sendo feito e aliados mais dispostos a cobrar e, até mesmo, a bater. Mais modestos que os tucanos, que ocuparam suntuosas instalações do hotel Sheraton, no Leblon (zona sul), com direito a deslumbrante vista para o mar, PT, PDT, PCdoB e PSB espremeram seus filiados em uma comprida, acanhada e barulhenta sala do hotel Novo Mundo, no bairro do Flamengo (zona sul).

Pontuando as palestras dos economistas convidados, o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, disse com todas as letras que "o Brasil tem que mudar sua política macroeconômica" que, na sua opinião, "está defasada", enquanto o deputado federal Paulo Rubem (PDT-PE) bateu na Desvinculação das Receitas da União (DRU), na subordinação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) à meta do superávit primário e na proposta do governo para a educação nos próximos dez anos que fixa os gastos em 7% do Produto Interno Bruto (PIB), quando, no seu entender, eles deveriam ser de 10%.

Estrela da plateia, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu defendeu enfaticamente as políticas oficiais, refutando, por exemplo, a ideia dominante, ao menos entre os economistas, de que o Brasil está vivendo um processo de desindustrialização por conta do câmbio defasado. Dirceu ressaltou que grande parte do consumo doméstico do país é assegurado pela indústria brasileira. "Há setores expostos à concorrência desleal", admitiu.

O presidente do PT, Rui Falcão, também atuou na defesa das ações do governo, destacando ganhos obtidos desde o primeiro governo Lula, como a queda do desemprego. O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), mordeu e soprou. Bateu na "conivência com o capital financeiro", mas ressaltou avanços, como a construção de três refinarias no Nordeste e a retomada da construção de ferrovias.

O seminário "A Crise do Capitalismo e o Desenvolvimento do Brasil", seguindo o modelo do encontro tucano do início do mês, organizado pelo Instituto Teotonio Vilela, o órgão de estudos e pesquisas do PSDB, também foi realizado pelos órgãos de pesquisas dos quatro partidos: Fundação Perseu Abramo (PT), Fundação Maurício Grabois (PCdoB), Fundação João Mangabeira (PSB) e Fundação Leonel Brizola/Alberto Pasqualini (PDT).