Título: Lula quer antecipar metas do programa do biodiesel
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 01/08/2006, Brasil, p. A2

Alan Marques / Folha Imagem Dilma Rousseff: "Estamos preocupados com a qualidade do produto" O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou ontem uma reunião sobre biodiesel, no Palácio do Planalto, para sugerir a antecipação das metas estipuladas pelo programa. Lula lembrou que a própria lei prevê que apenas em 2008 sejam adicionados 2% de biodiesel no óleo diesel e que, em 2013, esse percentual suba para 5%. "Acontece que, pelo andar da carruagem, eu acho que nós vamos ultrapassar, com muita facilidade, esses índices", disse o presidente.

Lula chegou a afirmar que a "disposição da indústria automobilística" será fundamental para a ultrapassagem dos limites. "Na hora que a indústria automobilística tiver a disposição de provar a si e a nós mesmos que colocar um pouco mais, um pouco menos, não vai criar nenhum problema no seu motor, pelo contrário, vai ser um ganho para todos nós e poderemos ultrapassar os limites estipulados por lei", disse o presidente.

Lula apostou que os empresários do setor automobilístico vão "acabar com esse negócio de demorar até 2008, 2010, porque nós não precisamos ficar até 2013 esperando para colocar o biodiesel. Mas, segundo o presidente, o governo não quer fazer as coisas por decreto, mas em harmonia. "Nós não queremos atropelar o processo, porque senão a gente vai com muita sede ao pote."

O presidente pediu responsabilidade nas pesquisas e parcerias entre trabalhadores, governadores, empresários, indústria automotiva e consumidores, para que o projeto do biodiesel não repita os erros cometidos no Proálcool. "Nós temos aí, praticamente, 31 anos do álcool para a gente não permitir que se repitam erros que foram cometidos em outros momentos e que, agora, me parece que estamos consertando."

Lula disse que leva um material, em inglês, com os dados do programa, para dar aos presidentes estrangeiros toda vez que viaja. "Eu acho que esse programa vai ultrapassar o Oceano Atlântico, vai chegar aos países africanos e vai dar, no século XXI, a possibilidade dos países africanos ganharem algum dinheirinho vendendo o biocombustível para os mais ricos."

Os ministros das Minas e Energia, Silas Rondeau, e da Casa Civil, Dilma Roussef, foram mais cuidadosos quanto aos prazos e sobre o relacionamento com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). "A Anfavea foi parceira em todos os processos e buscamos cumprir todas as especificações técnicas. Todos estamos preocupados com a qualidade do produto. Sempre tomaremos todas as decisões do biodiesel de forma ordenada", disse Dilma.

Rondeau assegurou que ainda não há uma decisão formal de governo sobre a antecipação das etapas do biodiesel. Ele negou que o acréscimo de 2% de biodiesel ao óleo diesel possa trazer problemas para os empresários do ramo automobilístico. "Os testes demonstraram que a adição de 2% de biodiesel não altera os motores."