Título: Marta mantém cargo na mesa do Senado
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Fonte: Valor Econômico, 02/02/2012, Política, p. A10

Após ter sua permanência na primeira vice-presidência do Senado - até o fim do mandato da mesa diretora da Casa, em fevereiro de 2013 - aceita pela bancada do PT na Casa, em tensa reunião, a senadora Marta Suplicy (SP) afirmou que participará da campanha do ex-ministro Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo. Ela considerou "prematura" a cobrança por seu engajamento agora, já que a campanha não começou.

"Nem tem candidatos ainda. Só Haddad e Chalita [Gabriel Chalita, do PMDB]. É uma cobrança prematura [por sua participação agora]", disse. "Quero o PT na Prefeitura de São Paulo. Vou fazer o que for preciso. Quando minha presença fizer a diferença, estarei lá... Sempre fui soldado do partido", afirmou.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, participou da reunião da bancada, na qual Walter Pinheiro (BA) foi escolhido por unanimidade o novo líder, em substituição de Humberto Costa (PE). Wellington Dias (PI), que também postulava, abriu mão. Prevaleceu sua intenção de participar ativamente das eleições municipais, para fortalecer sua candidatura a governador, em 2014.

A permanência de Marta na vice foi facilitada pelo anúncio do senador José Pimentel (CE) de que não cobraria o cumprimento do acordo de revezamento feito há um ano. Evitando o confronto, Pimentel fica com crédito e espera ser mantido pela presidente Dilma Rousseff na liderança do governo no Congresso.

A ideia de Costa era restringir a reunião de ontem à troca do líder. No entanto, Marta insistiu no assunto. Disse que sua escolha para a vice teria resultado de uma decisão do Palácio do Planalto e não reconheceu o acordo. Os petistas reagiram. Um dos mais contundentes foi Tião Viana (AC), que elogiou o desprendimento de Marta, ao abrir mão da candidatura à Prefeitura de São Paulo, mas defendeu o cumprimento do acordo. O anúncio encerrou as contestações a Marta.

Durante a reunião, a conversa entre os senadores foi dura. Mas, para a imprensa, a palavra de ordem era unidade partidária. A avaliação das lideranças é que o PT tem que mostrar coesão para se aproximar dos partidos aliados e buscar maior afinação com o PMDB, fortalecendo a base de sustentação da presidente Dilma Rousseff.

Em fevereiro de 2011, Marta e Pimentel disputavam a primeira vice-presidência. Para evitar uma eleição na bancada, foi feito um acordo de rodízio, começando pela senadora. O então presidente do PT, José Eduardo Dutra, deu aval.

Pelo entendimento, também haveria revezamento nas comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e na de Direitos Humanos (CDH), comandadas pelo PT. Delcídio Amaral (MS), que presidiu a CAE em 2011, seria substituído por Eduardo Suplicy (SP) no segundo e último ano do mandato. Na CDH, Paulo Paim (RS) seria substituído por Ana Rita (ES). Agora, tudo fica como está por mais um ano, até o fim dos mandatos.

Após ser preterida na escolha do candidato do PT a prefeito de São Paulo, Marta decidiu não renunciar.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável pela escolha da candidatura de Haddad, e petistas de São Paulo temiam que Marta não participasse da campanha eleitoral, prejudicando a candidatura de Haddad. O ex-presidente chamou Pimentel e Costa para uma reunião em São Paulo, na segunda-feira. O encontro não foi realizado, por questões de saúde de Lula. Mas a posição do ex-presidente a favor da permanência de Marta na vice era clara.