Título: "Transição" de Nakano precisa de apoio político
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 01/08/2006, Neumann, Denise, p. A4

O economista e diretor da Faculdade de Economia da FGV, Yoshiaki Nakano, está participando do grupo de economista que discute o programa do candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin. Mas ele deixa claro que tudo o que ele fala e defende são suas idéias. Elas são levadas à dicussão do PSDB, mas se serão ou não adotadas no programa tucano, a decisão não é dele.

Aliás, ele é até bastante cético quanto à possibilidade de algum político quebrar as "convenções" já estabelecidas" em termos de política macroeconômica. Ele defende o estabelecimento de metas para o crescimento do PIB, da mesma forma que hoje são definidas metas para a inflação. Se há consenso no PSDB sobre isso? "Nunca discutimos esse ponto", diz ele.

Nakano tem clareza de que será necessário uma transição do atual modelo para o "novo" que ele defende, mas diz que isso pode ser feito sem levar o país a uma desaceleração econômica. "Mas é preciso quebrar convenções e apoio político", resume.

Na lógica de Nakano, tudo começaria com um "forte" ajuste fiscal feito com corte de despesas (e não com aumento de imposto) e precedido de uma grande apreciação cambial. O corte de despesas diminuiria (ao mesmo tempo) os gastos e a necessidade de financiamento público. "O novo câmbio relançaria um setor importante da economia - o exportador -, enquanto o corte de despesas públicas reduziria a demanda por bens não comercializáveis no exterior".

Ainda dentro da sua lógica, o setor exportador faria novos investimentos (para os quais haveria crédito, pois a poupança estaria liberada do financiamento público) e a menor demanda controlaria a inflação. Em alguns momentos, diz, poderiam ser adotados controles temporários para capitais de curto prazo (para os de longo prazo e produtivos, nunca). (DN)