Título: Governo reúne-se com agronegócio para discutir estratégia após Doha
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 01/08/2006, Brasil, p. A4

Depois da paralisação das negociações da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), representantes do governo e do agronegócio se reúnem na quinta-feira, em Brasília. O objetivo do encontro é discutir qual deve ser a estratégia de inserção comercial do Brasil, já que a principal aposta da diplomacia do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em risco.

A reunião está sendo organizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Representantes de mais de 70 associações e entidades de classe estarão presentes. Desse total, 50 fazem parte do agronegócio, o setor da economia que mais tem a ganhar com as negociações comerciais. O encontro acontece no âmbito da Câmara de Negociações Agrícolas Internacionais do ministério.

Foram convidados representantes da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) e Organização das Cooperativas do Brasil (OCB). Também devem estar presentes empresários de diversos setores exportadores: carne bovina, de frango, suína, soja, açúcar, suco de laranja, entre outros.

Pelo lado governo, técnicos do Mapa, Itamaraty, Ministério do Desenvolvimento e Câmara de Comércio Exterior (Camex) relatarão aos empresários o atual estágio das negociações da Rodada Doha e dos acordos bilaterais em que o país está envolvido.

Para Antônio Carlos Costa, diretor do Departamento de Assuntos Comerciais do Mapa, a paralisação da Rodada Doha representa a perda de uma "grande oportunidade", já que esse é o único fórum adequado para a redução dos subsídios agrícolas.

Ele afirma que os acordos bilaterais também serão discutidos na quinta-feira, principalmente as negociações entre o Mercosul e a União Européia. "Uma coisa não exclui a outra. Essa sempre foi a opinião do Mapa", diz Costa, referindo-se à Rodada Doha e aos acordos bilaterais. Também serão discutidos os acordos com Índia, Marrocos, Israel e Egito.