Título: "Só não mandem me matar", diz Heloísa Helena
Autor: Vilella, Janaína
Fonte: Valor Econômico, 01/08/2006, Política, p. A6

A senadora Heloísa Helena, candidata à Presidência da República pelo P-SOL, resvalou ontem para a campanha apelativa. Em comício na Baixada Fluminense, chegou a fazer um apelo para que não a matem. "Eu estou ficando meio cansada desses ministros do presidente Lula, que ao invés de ir trabalhar para justificar o salário que ganham, ao invés de ir falar com o povo brasileiro, explicar os sanguessugas, mensaleiros, trambiqueiros e outros mais....Tem que deixar de ficar batendo em mim todo dia na imprensa, que isso é muito feio. Então, quero fazer um apelo. Só não mandem me matar, porque dizem que lá tem tudo que é tipo de gente. Sou mãe de família, quero continuar criando os meus filhos", disse Heloísa Helena.

A senadora também ironizou as notícias de que o PT estaria planejando a desconstrução de sua candidatura. "Nunca imaginei que uma subidazinha na pesquisa pudesse gerar tanta fúria, intolerância e perversidade", afirmou. "O que espero mesmo do presidente não é a fúria, a intolerância e a crueldade do governo em relação a mim. O que espero é que ele esteja presente em todos os debates para que, de forma civilizada, honesta e olho no olho, discuta os problemas do Brasil e as alternativas concretas para superá-los."

Em relação ao apoio do ex-governador do Estado do Rio Anthony Garotinho à sua candidatura, ela afirmou que nunca conversou com Garotinho sobre possíveis alianças. A senadora também negou ter recebido algum tipo de ajuda financeira de Garotinho para sua campanha. "Eu nunca conversei com o governador Garotinho. Agora, ainda bem que vivemos numa democracia e não numa ditadura, que ele pode dizer em que vai votar"

Começou a circular pela internet um manifesto de apoio à candidata do P-SOL à Presidência intitulado "Por que Heloísa", assinado, entre outros, pelos juristas Afonso Arinos de Melo Franco e Hélio Bicudo, o geógrafo Aziz Ab´Sáber, Carlos Lessa (ex-presidente do BNDES na gestão Lula), o cientista político Carlos Nelson Coutinho e o sociólogo Chico de Oliveira.

O texto afirma que a existência do país, como "sociedade organizada, está em perigo" e que toda uma geração "nunca viu o Brasil se desenvolver". De acordo com o documento, o "PSDB governou o Brasil durante oito anos e agravou a crise" e o PT "não teve coragem para mudar".

Segundo os signatários, a candidatura do partido permite que se reencontrem "valores que desapareceram da política brasileira, como simplicidade, honestidade e verdade", com o apoio de "militantes idealistas, de intelectuais honestos, de cidadãos conscientes".

Em seu final, o manifesto conclama os eleitores a não anularem o voto e a entrarem na campanha "como for possível", conversando com amigos, em casa e no trabalho. O texto também é assinado pelo bispo D. Tomás Balduíno, os filósofos Leandro Konder, Maria Sylvia de Carvalho Franco, Paulo Arantes e Roberto Romano, além do cartunista Ziraldo.