Título: G-8 pede flexibilidade a países para conclusão da Rodada Doha
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 25/01/2007, Brasil, p. A2

As cobranças recíprocas de flexibilidade, por parte dos Estados Unidos, União Européia (UE) e países emergentes como Brasil e Índia, continuaram ontem, para tentar desbloquear a rodada global de negociações comerciais conhecida como Rodada Doha.

A chanceler alemã, Angela Merkel, na presidência do G-8, o grupo dos maiores países industrializados, e da UE neste semestre, reiterou diante de mais de mil executivos e autoridades, no Fórum de Davos, o engajamento para concluir a rodada. Mas cobrou flexibilidade por parte de todos os países.

Merkel anunciou oficialmente, por outro lado, convite ao Brasil, China, Índia, África do Sul e México para participarem do encontro de cúpula do G-8 em junho, na Alemanha, a exemplo do que tem ocorrido nos últimos anos. Ela defende novas formas de diálogo e entendimento com os emergentes.

Até agora, um dos temas centrais no G-8, sobretudo quando o Brasil, participa, tem sido a Rodada Doha, pela qual o Brasil espera obter ampla liberalização do comércio agrícola global.

Ontem, o ministro de Comércio da Índia, Kamal Nath, sempre no seu estilo exuberante, disse ao Valor que o G-20, o grupo em desenvolvimento que é liderado pelo Brasil, pode mostrar flexibilidade, mas que os Estados Unidos e a União Européia devem fazer muito mais no que diz respeito ao corte de subsídios e de tarifas agrícolas.

Agora, Nath não exige mais a possibilidade de designar 20% de suas importações agrícolas como "produtos especiais", que assim teriam corte menor de tarifas. Ele fala em "e até" esse montante, o que tem uma nuance.

Indagado porque a Índia não se engajou nas negociações com Brasil, EUA e UE, que ocorrem atualmente para pavimentar o terreno a um acordo, o ministro indiano retrucou que agora vai se engajar, sim. Na avaliação de Nath, em Davos na reunião de 30 ministros não se discutirá o essencial da negociação, e sim provavelmente um calendário para levar adiante a rodada.

Nath usa as mesmas palavras do ano passado quando, em Davos, os ministros, em reunião parecida, propuseram a mesma coisa.