Título: Planalto aceita explicações de Mantega
Autor: Exman,Fernando
Fonte: Valor Econômico, 06/02/2012, Política, p. A6

Embora autoridades do governo demonstrem preocupação com denúncias envolvendo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o risco de surgirem novas acusações nos próximos dias, auxiliares da presidente Dilma Rousseff disseram que as explicações dadas por Mantega foram suficientes. O ministro esteve com a presidente e logo em seguida deu entrevista sobre o caso. Não se trabalha, no Palácio do Planalto, com a possibilidade de Mantega deixar o governo. Em resposta ao episódio, o Executivo deve desencadear nos próximos dias mudanças na cúpula da Casa da Moeda. Dilma quer que as nomeações sejam todas técnicas, sem influência partidária.

Nos últimos dias, Mantega viu-se envolvido numa polêmica que culminou com a demissão do então presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci Martins. Segundo denúncias publicadas pela imprensa, Denucci teria movimentado recursos financeiros por meio de empresas abertas em paraísos fiscais. O dinheiro viria de comissões pagas por fornecedores da estatal, o que Denucci nega. O caso, assinalaram fontes próximas à presidente, não teve repercussão no mercado financeiro. Esse seria um dos termômetros para avaliar a situação de Mantega.

Como pano de fundo, ponderam autoridades, há uma disputa política protagonizada pelo PTB. O partido sustenta que acolheu um pedido de Mantega para que assumisse a indicação de Denucci, versão que não encontra ressonância no Ministério da Fazenda e no Palácio do Planalto.

Mantega está incomodado com o esforço do PTB de colar nele a responsabilidade pela indicação de Denucci. Ele afirma que apenas chancelou, devido a critérios técnicos, um nome sugerido pelo líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). E acrescenta que sequer conhecia Denucci antes de receber seu currículo do parlamentar.

Na sexta-feira, na conversa com a presidente sobre o caso, Mantega foi orientado a conceder uma entrevista para rebater as acusações. Pouco depois, ele falou pela primeira publicamente sobre o tema.

"Em 2008, quando substituímos o presidente da Casa da Moeda de então, o PTB fez indicações para a presidência dentro dos critérios que nós utilizamos de competência técnica para ocupar esse cargo. Os primeiros nomes não foram aprovados, não foram aceitos", narrou o ministro. "Finalmente, eles me trouxeram o curriculum desse ex-presidente da Casa da Moeda, que era adequado para a missão e as funções da Casa da Moeda. Então, aceitei a indicação".

Apesar de a gestão de Denucci ser elogiada no governo por ter melhorado os resultados financeiros da Casa da Moeda, o Ministério da Fazenda já havia sido alertado das suspeitas. Sua demissão já estava programada, mas os rumores de que a "Folha de S. Paulo" publicaria denúncias contra o então presidente da Casa da Moeda precipitaram a decisão.

Mantega já havia sabatinado três candidatos à vaga e, em dezembro, encaminhou um dos nomes para a análise da Casa Civil. A nomeação, porém, não havia sido feita até sexta-feira. Dirigentes do PTB trabalham para emplacar o substituto de Denucci.

O PPS informou que irá propor uma acareação na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara entre Mantega, Roberto Jefferson e Jovair Arantes.