Título: Banco GMAC enfrenta a concorrência
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 16/06/2006, Finanças, p. C3

Moacir Cossia, presidente: "Pé de igualdade com o resto do mercado" A descoberta do mercado brasileiro de financiamento de automóveis pelos gigantes do varejo bancário não assusta o Banco GMAC, especialmente agora que o grupo General Motors ganhou novo fôlego. No início do ano, a montadora vendeu o controle (51%) do seu braço financeiro, a General Motors Acceptance Corporation (GMAC), por US$ 7,4 bilhões, a um consórcio de compradores, que inclui o fundo Cerberus Capital Management, do Citigroup, e o Aozora Bank, em passo importante para a solução de sua crise financeira.

"A operação nos dará condições de competir em pé de igualdade com o resto do mercado e cumprir a missão estratégica de financiar as vendas da fábrica. Nada muda do ponto de vista da rede, do atendimento a clientes e a concessionárias. O que muda é a condição de funding e o fôlego", disse o presidente do Banco GMAC, Moacir Cossia.

A venda será efetivada até o final do ano. Mesmo depois disso, Cossia não espera mudanças. A própria existência do banco está ligada ao apoio às vendas da montadora.

O banco começou a operar no Brasil em 1930, para financiar a venda de veículos da marca Chevrolet, montados no país e importados. Na década de 70, passou a captar recursos no mercado e a oferecer consórcio, crédito no atacado para as concessionárias e no varejo para o comprador dos veículos. Em dezembro de 2004, o banco, até então vinculado à General Motors do Brasil, passou para o controle da GMAC, como as demais empresas financeiras da GM mundial, que operam em 40 países. O processo culminou em dezembro do ano seguinte com a troca do nome Banco GM por Banco GMAC.

Atualmente, possui cerca de 290 mil clientes de varejo e tem uma carteira de crédito total próxima de R$ 4 bilhões. Além de crédito e consórcio para o comprador pessoa física, oferece leasing, seguro de automóvel e de proteção mecânica (em parceria com a Indiana) e financia os estoques das concessionárias.

O crédito para pessoa física diminuiu um pouco nos últimos meses, constata Cossia, por causa da concorrência dos grandes bancos, atraídos pelo valor médio elevado dos veículos, garantias da operação (o próprio bem) e a pulverização do risco. O financiamento de veículos cresceu 35% nos doze meses terminados em abril para R$ 55,3 bilhões, batendo em crescimento as demais linhas para pessoas físicas e representando um terço do total. O prazo esticou, chegando a 60 meses, embora a média fique em 36 a 48 meses. A entrada diminuiu e aumentou o valor financiado.

"A concorrência é positiva", disse Cossia, que trabalha no banco desde maio de 1983 e, antes de assumir o comando, em 2005, trabalhou no México e em Portugal. Cossia acredita que a mudança de controle dará novo gás aos negócios, facilitando o acesso ao funding. Ele explicou que, o fato de o banco estar ligado à montadora, o permite adotar determinadas "estratégias mercadológicas", como programas de incentivo para as concessionárias. "O banco não recua nem em momento de crise. O objetivo primário é apoiar a venda de veículos da montadora".